sábado, 10 de dezembro de 2011

No Ceiling


Essa é a história de um pequeno garoto que sonhava com o mundo. Um garoto que deitava todas as noites, quentes ou frias, em sua varanda propositalmente descoberta e observava o céu.

Ele achava incrível como as estrelas brilhavam tanto e em como existiam em imensa quantidade, algo que só um local afastado da 'civilização', como onde ele morava, seria capaz de proporcionar.
E enquanto presenciava a beleza do infinito, em como era mágico contemplar o nada, filosofava sobre seus sonhos. Queria ir longe, conhecer todos os lugares possíveis, queria conhecer várias pessoas, ir alto, queria ver o mundo do topo.
Também queria ajudar o próximo, dar de comer na África, fazer o bem ao próximo, fazer sua cidade crescer e se desenvolver.
Este pequeno jovem cresceu e teve de partir. Foi jogado aos leões. Teve de se adaptar aos padrões da evolução e ao consumismo desenfreado dele. Porém não demorou para começar a questionar as coisas. Por quê assim? Por quê daquele jeito? Por que? Por que?
E os leões começaram a assustá-lo e mudar seus pensamentos. Talvez esta fosse a realidade, o mundo não era infinito como seu céu e ele tinha que aceitá-la. Seu infinito virou a caixa em que vivia, junto de diversas outras caixas, todas com suas vistas limitadas. Suas estrelas foram ofuscadas pela luz do século atual. Sua paz evoluiu para um dia, um sábado, que era o único momento que lhe proporcionava tempo para respirar.
Mas a caixa começou a sufocá-lo. A fraca cópia do céu começou a irritá-lo. E os leões já não mais representavam uma ameaça. De repente as correntes haviam sido soltas. Restava apenas descobrir o meio que seria justificado pelo seu fim. Fim este que curaria a doença suja que havia desenvolvido em seu tempo de reclusão.
Essa é uma história de um pequeno garoto que sonhava com o mundo. Mas também é a história de um prisioneiro que foi libertado de uma pena por um crime que não havia cometido, que revê a luz do sol, o brilho das estrelas e respira o ar puro do lado de fora pela primeira vez em muito tempo. É o conto de um pequeno garoto que cresceu e tornou-se um adulto. 
E este adulto? Ele veio ao mundo para fazer o que tem que ser feito.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Luiz tem uma boa vida

Luiz tem uma vida muito boa. Bom trabalho, boa universidade, boa educação, bom salário e bons relacionamentos.
Todos os dias ele acorda cedo, toma seu café da manhã, seu banho matinal, corre para pegar os mesmos dois ônibus, chega no trabalho e faz suas atividades durante todo o expediente. Em seguida, pega os mesmos dois ônibus para a faculdade, onde senta por quatro horas ouvindo pessoas que detém um grande conhecimento e o passam para ele através de aulas expositivas. Enquanto um burro fala, o outro baixa a cabeça.
Luiz então segue para sua academia, fazer seus exercícios diários. Não se pode deixar de fazer exercícios. Lá se vão mais duas horas de seu dia, como um hamster de estimação em sua gaiola.
Nem sempre ele consegue tempo para estudar, nem sempre ele consegue tempo para fazer as coisas que quer, mas sempre está em suas redes sociais, em contato direto com seus amigos, conversando, brincando, rindo, sem nunca vê-los pessoalmente.
Do amanhecer do dia até o apagar das luzes na hora de dormir, ele está rodeado de computadores e sistemas inteligentes como o seu celular. Agora todos podem saber onde ele está e o que ele está fazendo.
A vida de Luiz é muito boa, ele tem tempo para aproveitar várias festas, onde se distrai da rotina e faz algo de diferente. O pão está servido e o circo montado.
Seu dinheiro nem sempre dá para o mês todo, mas não importa, o crédito é fácil. O que importa é gastar, tudo para fugir da rotina.
Ele também realiza provas, onde tem que colocar exatamente a resposta que seu professor quer. Pensar? Para que? Filosofar sobre a origem das coisas? Só na aula de filosofia, mas mesmo assim não é o que seu professor pede em seus testes.
O jovem sabe que a matemática não é exata, mas sim uma invenção do homem para controlar coisas. Ele utiliza somente um método de cálculo, o ensinado por seus professores, apesar de saber que existem mil outros que eles não repassam. A resposta? Deve ser do jeito como foi ensinado, porque é o correto, o cientificamente correto.
Ah a ciência. Toda baseada em experimentações, tão... exata. Tão exata que não sabe explicar por que os homens são da forma como o são, pensantes, inteligentes. Que não sabe explicar por que usamos apenas 10% do cérebro e quais as outras capacidades dos 90% restantes.
Ele sabe que cada pessoa vê o mundo de acordo com suas características físicas. A mesma mesa pode ser mais fria ou mais quente para pessoas diferentes. A árvore mais verde ou mais escura, mais detalhada ou mais desfocada. Mas não, existe um correto para tudo, isso que ele aprende na sua universidade.
Mas é normal da sua sociedade. Organização de pessoas esta, que se baseia em regras, que se baseia em valores (?), em julgamentos, em preconceitos e impressões pessoais. Mas que funciona.
Luiz tem uma teoria. Ele acha os seres humanos incríveis, afinal conseguiram criar um mundo fictício e transformá-lo em realidade, realmente acreditar que ele existe, mas que quando veem alguém que está deslocado deste mundo, sabem como isolá-lo e evitar que contamine mais pessoas.
Mas é o mundo em que vive. Um mundo colorido, que se esconde atrás de um preto e branco de filmes antigos americanos. Um mundo onde você é livre, mas não consegue ir até a cidade mais próxima a sua apenas por livre e espontânea vontade. Um mundo surreal, que se diz real e que busca entretenimentos surreais para compensar as tristezas de uma rotina que se diz natural, mas que foi inventada pelos homens.
Luiz tem uma vida muito boa. Bom trabalho, boa universidade, boa educação, bom salário e bons relacionamentos. Boa vida essa que Luiz tem.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Não é bem assim.

Começa lá cedo, nos nove meses que ficamos dentro da barriga de nossa mãe. O que seremos? Menino, menina? Nos transformaremos em um grande médico, uma executiva de sucesso, um famoso chef de um restaurante bem conhecido, uma arquiteta de sucesso?
Então crescemos e as especulações continuam. Podemos ser o que quisermos, podemos ter o que quisermos, basta querer. Dizem que os sonhos são para ser conquistados. E realmente vemos isso, nos filmes, nos desenhos, nos livros. Já pensou o dia em que uma fada madrinha aparece para você e realiza seus sonhos? Ou quando você é selecionado para formar um time de elite que combate o mal e comanda robôs? Tenho certeza de que um dia isso vai acontecer.
Mas aí você cresce mais um pouco, e começam os primeiros sinais. "Não é bem assim, meu querido" dizia sua mãe. "Você tem que estudar para ter um bom emprego." justificava seu pai. E onde entram os sonhos? Quando poderei ser astronauta? E chef? "Não dá dinheiro isso" dizem outros.
Alguns desistem por aí já. Em sua plena juventude. Mas se você for como alguns, simplesmente ignora tudo isso.
Então você cresce mais e aos onze já escreveu um livro, e desenhou diversas histórias em quadrinhos de super heróis, além de arquitetar diversas casas. Seu sonho é ser um grande artista, escritor, arquiteto...
Então você escreve mais um livro, e ganha mais sonhos. Você quer viajar, quer conhecer outros lugares, quer estudar em faculdades de renome... Lá vem a vida e te retribui com risadas. "Você não tem capacidade, não do jeito que você é". E isso martela em sua cabeça, de novo, e mais uma vez. Só que sua memória é boa, e isso é um sonho. Uma vez te disseram que eles são possíveis. Você ignora a vida, e acredita em você.
Então as respostas saem e você consegue o que queria. Mas não do jeito que pensava, então talvez os outros tivessem razão, não é bem assim. A vida te deu um pontapé, mas você nunca aprende.
Nesse tempo de tristeza você criou novos sonhos, e vai atrás deles com afinco. "Que graça tem viver sem sonhos?" pensava você. Larga-se tudo, muda-se de endereço, e lá vem uma nova decepção. 
"Vocês nunca serão ninguém", dizia seu professor. "Eu não consigo fazer tudo de novo e mudar" dizem seus colegas. Mas não você. Você enfrenta tudo, sai de sua decepção e... Consegue de novo.
De repente tudo muda! Mais sonhos aparecem em seu horizonte. Lá vai você, iludido por imagens que surgem em sua mente, por ideais que mudariam um cenário, que melhorariam todo um ambiente, até que...
"Isso não pode.""Isso não vai dar certo.""Desista". Poxa, cade aquele papo que quem corre atrás de seus sonhos conseguem?
Estaca zero novamente.
E com ela a decepção, a tristeza, a depressão. Será que nada dá certo? Talvez os outros tenham razão.
Mas por que não aceitar este triste destino? Talvez a vida seja mesmo uma grande decepção, quando algo parece dar certo, ela vem e te tira de sua alegria, só para ver você sofrer mais um baque e ficar remoendo suas infelicidades.
Mas e Abraham Lincoln e sua história? Einstein e as pessoas que o chamavam de louco? E aqueles filmes antigos que você vê, que tanto incentivam esses tais sonhos? E aquele clipe, com aquela letra enigmática, feita para você, que surgiu justamente no momento em que você estava mais triste? De repente, tudo vai dar certo.
Lá vai você de novo, novos sonhos, novas conquistas. Agora você é um empreendedor, tudo dá certo. Mas não é somente isso que você quer agora, quer mais, sonha mais alto. Você quer melhorar a vida das pessoas, você quer fazer uma diferença.
Daí presencia a corrupção, a troca de favores, o mundo sujo em que vive. Lá vem a vadia da vida te barrar novamente.
Que mundo é esse no qual as coisas boas sofrem para acontecer? Até quando você tem que lutar para alcançar os seus objetivos, os seus sonhos? A que custo você consegue alcançá-lo? Será que realmente valem a pena?
"Pronto, vou desistir." pensa. Está tudo bem agora, sua consciência está limpa e você acredita que conseguirá seguir com essa vida de decepção, tirar o melhor dela e aguentar até o fim. Antes fosse assim.
Os sinais da vida, essa provocadora, esbarram na sua frente o tempo inteiro. É como se ela quisesse te decepcionar de novo, mas talvez dê certo agora. Será que se eu fizer dessa maneira vou conseguir? E daquela outra?
Planos, planos e mais planos. Aqui vamos nós novamente.
A vadia da vida, agora é sua amiga. Você não gosta de ter um futuro incerto, não faz parte de sua perspectiva nem de seu caráter. E você acredita que, apesar de todas as mudanças que sofreu, pode ser uma mistura de tudo isso. Sim, dará certo. O que não pode é voltar a ser como antes, isso tudo é uma evolução. Claro!
Você poderia ter desistido lá no início, quando seus pais disseram que não era como imaginava. Mas e daí? Monteiro Lobato não descreveu um computador em um de seus livros de 1920? Também diriam que era impossível, de volta àquele tempo.
As decepções vão te perseguir a vida toda, tendo sonhos (ou ilusões, como alguns chamam) ou sendo um acostumado com a vida sem objetivos. O que importa é o que você vai fazer delas.
Seja forte, seja persistente. Lute, com todas as suas forças. Teimosia deve ser o seu lema, e a inovação o seu motor. Faça diferente, ignore quando dizem que não.
O que separa os que conseguem, dos que não o fazem é o que você acredita. Já disseram ao Steve Jobs que não era possível. Mas ele não deu ouvidos.
Disseram que o Obama não ia ganhar as eleições. Ele ganhou.
Já te disseram que você não passaria no vestibular. Que você não conseguiria aquele trabalho, mas não tinha problemas. Que você não passaria naquela matéria, mas poderia refazer no semestre seguinte. Que não era possível fazer isso ou aquilo naquela cidade, que não tinha futuro. Que uma hora ou outra você ia perceber que não era como imaginava, e desistiria...
O impossível está na mente de quem o vê. Se ter sonhos é ser ignorante, já dizia o velho dito popular: A ignorância é uma benção. Chris Gardner que o diga.

domingo, 9 de outubro de 2011

Começa com uma decepção.

Começa com uma decepção. Sempre começa assim. Você fez uma grande besteira na noite anterior, daquelas que parecem não ter mais volta, e se arrepende até o último fio de cabelo. “Meu Deus, que raiva que estou de mim.” E todo o seu dia está para começar como uma grande tristeza.
Depois vem aquela conversa, com a vítima da besteira. E a tristeza só tende a aumentar. Você caminha pensativo pelas ruas, e caminha, caminha e caminha mais. Na sua cabeça está acontecendo uma tempestade e você não consegue mais vislumbrar a luz no fim do túnel. Como será a partir de agora? Por quê? Você está sozinho.
Então você ajuda aquela moça na rua, responde a conversa de uma outra senhora na escada, ajuda aquelas três moças a chegarem em casa, é educado com a jovenzinha que está perdida e faz gentilezas por todo o canto. Isso nunca acontece, normalmente. De repente o dia já não está tão chato.
Porém a tristeza continua, profunda. Encontra alguns amigos e eles falam do futuro, vocês organizam planos audaciosos e uma chama de esperança acende em seu peito. Mas é logo apagada por aquela lembrança, novamente.
Pega seu telefone e cancela seu compromisso. Quer ficar sozinho, triste, pensativo. Só que a noite toma rumos inesperados. Você sai de casa e pega a primeira condução para a casa de um grande amigo seu. Vocês planejam só um churrasquinho, pouca coisa, para distrair.
Então outro grande amigo aparece e vocês vão pegar o carro. E está montada a noitada ao melhor estilo de antigamente.
O churrasco ficou ótimo. Com direito a tomate voando na cara de uns e na camisa desse mesmo um. A TV estava chata, mas sempre há uma panicat solitária em um vídeo no youtube e umas boas músicas pra vocês darem risada.
Não suficiente, há sempre o violão e a prima que liga, com a amiga. Onde isso tudo leva? Até Jurerê Internacional, em plena madrugada, com muitas risadas, muito ACDC, um pouco de Cirlei e aquela lembrança da bandeirinha branca esvoaçando. Só cuidado com o guardinha de moto. E o burro da calça dobrada e pé descalço não pode esquecer de tirar a rede do mar. Só não ganha em burrice dos outros, que se coçam de mais burros ainda.
Por fim, tudo acaba onde começou, mas dessa vez com coisas bem mais interessantes pra assistir. O sono bate, ainda é meio cedo, mas você está satisfeito pelo dia. E aquela lembrança ruim, já não existe mais. Você ainda não esqueceu a pessoa, ainda se arrepende do que fez, porém tem mais confiança na vida e acredita que coisas muito boas podem acontecer.
Talvez tenha sido melhor assim, talvez não. É algo que não terá mais como descobrir, afinal você só sabe como algo irá terminar, vivendo aquilo. Fica o sentimento de amizade, algo que realmente irá progredir e que dará muito certo. Acima de tudo, fica a certeza de que sempre que você estiver na pior, a solução estará bem próxima de você, mesmo que outras pessoas precisem te mostrar isso. E essas outras pessoas, são seus melhores amigos e os melhores amigos do mundo.


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Verão

Arno caminhava lentamente pela grama alta daquela residência, tão perto da sua, naquela vizinhança.
Ouvia-se um zunido distante de algumas televisões ligadas, quebrando o silêncio mórbido daquela noite de verão. Muitas janelas encontravam-se abertas, na tentativa de amenizar um pouco do calor que estava, apesar de não ser ainda o pico da temporada.
Calmamente ele se aproximou de uma parte da casa, na qual apenas uma luz brilhava pela janela do segundo andar. Buscou em seu bolso as pequenas pedrinhas que havia ali guardado, e as atirou com cuidado, para chamar a atenção da pessoa que estava naquele quarto.
A luz apagou-se, e um vulto aproximou-se do parapeito da janela, postando-se pra fora, e descendo pelo telhado disposto um pouco ao lado, quase sem emitir um ruído sequer.
Quando deu por si, aquela pessoa ja estava ao seu lado e ambos correram o mais rápido que conseguiam. Corriam para longe daquela casa, mas em sentido a um lugar do qual ambos tinham fixação. Conforme iam avançando, aquele som tão gostoso ia invadindo seu ouvidos e seus corações palpitavam cada vez mais rápido.
Aceleraram e já conseguiam vislumbrar aquela imensidão de água, batendo em leves ondas na areia fofa daquela região. Arno sorriu para si mesmo, estavam chegando lá.
Ao entrar na praia, os dois correram em direção ao mar, e ali se jogaram, ainda com suas roupas, despreocupados com qualquer impedimento que pudesse vir a existir, apenas sentindo-se refrescados com a temperatura amena daquela água.
Depois de um mergulho, foi sob a luz da lua que ele a observou, sua querida, com seus contornos retocados por aquele brilho que emanava de outro mundo. Sorriu para ela, e obteve uma retribuição.
Aproximaram-se e deixaram se beijar. Como era bom aquele momento...
De surpresa, o garoto a puxou para si, em seus braços e a levou para a areia, no canto mais próximo da praia. Deitou-a no chão e postou-se ao seu lado.
Os dois trocaram carinhos e beijos, e postaram-se a observar o céu estrelado, um pouco ofuscado pelo brilho da lua. Este foi um tempo que ficou para a memória dos dois, onde nada mais se conseguia pensar, nada havia com o que se preocupar. Tudo o que queriam, era curtir aquele verão, uma temporada que os fez viver sua juventude plenamente e levar dela o seu melhor.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Morte

Eu tenho uma fixação muito grande pela morte. Isso é algo que, para muitos, poderá ser novidade. Mas é algo que me fascina, algo que me faz pensar muito.
Todos crescemos sabendo que um dia chegará a hora de dizer adeus. Que de uma hora para outra deixaremos de habitar esse planeta, que não veremos mais nossos amigos, que simplesmente deixaremos de existir entre os vivos. Acredito que seja essa a responsável pela busca das pessoas por uma religião.
No fundo todos temos medo, ou pelo menos ansiedade, sobre o que vai acontecer. Eu confesso que já tive medo, mas hoje eu apenas sou curioso em relação a isso. Não é engraçado que, talvez, amanhã eu possa já não estar mais entre os vivos? É fantástico, na realidade.
Gosto de viver cada dia como se fosse o último, mas com seus limites respeitados. Porém, apesar de todos pensarmos que iremos morrer velhinhos, deitados numa cama, nunca saberemos o dia de amanhã.
Algumas coisas contribuíram muito para que eu pensasse assim. Não é novidade para ninguém, mas eu tive uma época bem prolongada de perdas, ou melhor, despedidas. Tive de dizer adeus a um grande amigo, a outro grande colega, ver dois grandes amigos meus tendo que se despedir de seus entes queridos, eu mesmo tive que me despedir de meu avô, alguém que eu muito admirava. Desde então venho observando cada pessoa e imaginando como seria a vida sem ela. É, caros amigos leitores, não é fácil.
É por isso que agradeço todas as noites por mais um dia de vida. Por isso que cada vez que embarco numa viagem para casa ou sinto algo anormal eu digo aos meus próximos que os amo. Aliás, minha família bem sabe que eu vivo falando isso.
Pensar nisso me faz dar mais valor a coisas que, antigamente, eu não pensava muito. Hoje você pode acabar seu dia discutindo com sua mãe, mas amanhã você pode acabar seu dia chorando por tê-la perdido. Nunca deixem assuntos inacabados, isso só piora a situação toda. Não quero deixar alguém com remorsos, não é de meu feitio.
Mas não só penso dos outros. Vocês já pararam para imaginar como seria se vocês mesmos partissem? Quantas pessoas chorariam por isso, quantas comemorariam. Pior ainda, a falta que você faria para seus pais, seus amigos mais próximos, toda sua família...!
Outro dia eu estava a conversar com minha mãe. Ela me contou sobre um acidente com adolescentes e de como seria o fim do mundo, para ela, ver a morte de um filho. Apenas questionei: 'E você acha que viver em prantos vai ajudar alguma coisa? Que eu gostaria de ver minha família entrar em depressão por minha causa?' Sou da opinião que se eu partir, parti. Tudo bem chorar, sentir falta. Isso é normal! Mas eu continuarei de outro lugar, e estarei olhando por aqueles que sofrem por mim, só espero que sigam com suas vidas, não é justo atrapalharem as suas por isso!
Pensamento sombrio, ou não, eu sempre imaginei que meu fim chegaria de três formas diferentes. A que eu mais penso é câncer. Não me levem a mal, sei como as pessoas que tem essa doença sofrem e os admiro. Não estou desejando. É só que é algo que sempre esteve em meus pensamentos, não tem motivo aparente pra achar isso.
A segunda maneira é em um acidente de carro. Reflexo de vários acontecimentos nos últimos 3 anos, quem é do meu círculo de amizades vai entender. Desse eu tenho medo, por isso que sou extremamente cuidadoso quando dirijo um veículo. Por fim, a terceira maneira é velhinho, deitado numa cama.
Eu já disse antes: a morte me fascina. Eu acredito que a vida não termina aqui, e que continuamos a evoluir e crescer moralmente depois dela. Isso é apenas um momento, uma agulha num palheiro, que é a eternidade. Não tenho medo da morte, pelo contrário, se ela chegar até mim significa que meu dever foi cumprido.
Acredito que tenho um potencial enorme para causar mudanças significativas a minha volta. Eu QUERO fazer isso, fazer algo pela minha cidade, meus amigos, pelo planeta! Quero ver as pessoas preservando mais, vivendo mais reguladamente, cuidando do bem precioso que são suas vidas. Uma vez um grande amigo me disse "Você é fera. E se você é assim, é reflexo de uma família muito boa". Acredito que da mesma forma que minha família me moldou, ainda há esperança para o mundo. Se tomarmos atitudes, podemos mudar o que parece impossível.
O que quero dizer é que, seja amanhã, semana que vem, daqui a 10 ou 20 anos, ou velhinho numa cama, eu quero partir com um sorriso no rosto, com a certeza de que alguma coisa eu tentei fazer para mudar os rumos daqueles que me cercam. Se fosse hoje, eu já teria esse sorriso, só espero que continue assim. E lembrem-se: eu amo vocês, todos.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Felicità

Hoje me coloquei a pensar sobre o que eu quero para minha vida. Foram alguns bons minutos, mas não foi difícil de encontrar a resposta: Eu quero ser feliz.
Até aí não teve problema, é o que todos buscam. Mas afinal, o que é a felicidade?
Acredito que cada um deva ter sua própria definição para esta palavra, mas venho aqui falar de uma felicidade que percebi surtir efeito em muitas pessoas. Essa felicità é a da simplicidade.
Não existe dom mais útil do que ser simples. E quando digo isso não me refiro a meras intitulações financeiras. Não, ser simples é muito além disso.
Analisem comigo. Atualmente buscamos respostas rápidas, queremos tudo em um piscar de olhos, usamos do velho ditado "time is money". Mas amigos, estamos nos enganando. Dinheiro, soldi em italiano, pode até ajudar uma pessoa a ser feliz, mas ele não implica em felicidade. Criamos um conceito de felicidade totalmente errado.
É mais feliz a pessoa que gasta horrores numa festa, que dura em média 5 horas, ou o filho que morando longe de seus pais, e que raramente tem a oportunidade de ver sua família, tem a chance de passar um almoço no qual se reunem todos os seus parentes, ouvindo aquela música que certa vez ele não gostava, mas que hoje lhe traz boas recordações; revendo seus primos que uma vez era tão próximo; parando pra observar como todos conversam e sorriem alegres, e em como aquele momento parece um filme?
Por quê ficamos tão felizes ao receber uma carta de um amigo distante, que nem esperávamos ou que aguardávamos ansiosos? Por quê o natal é tão especial? E por que achamos um máximo quando um amigo querido, que não falávamos há tempos, nos liga?
A resposta para todas estas perguntas reside na raridade desses momentos. Exatamente. Agora você já reparou como estamos tomando rumos diferentes? Produzir em massa, comprar todo dia aquilo que mais gostamos até enjoar (o que não demora), músicas que entram e já saem da moda, comprar roupas todo mês, gastar, ir para a balada toda semana...
Não, meus amigos. Eu sempre digo que não sou deste tempo, e falo a verdade. Se ficamos tão felizes com coisas que raramente podemos ter, não seriam estes momentos que deveríamos buscar? Tudo tem seus limites, sempre disseram meus sábios pais.
Mas não é apenas isso. Também vejo pelos meus antepassados, eles se reuniram em uma pequena comunidade. Trabalharam muito, sim. Mas acima de tudo eles se ajudavam, nos fins de semana se reuniam para compartilhar de momentos de descanso, eles se importavam um com o outro, faziam festas para comemorar colheitas, e criaram um ambiente tão sensacional que eles mal poderiam prever. Preservaram suas tradições, sua cultura, mas acima de tudo eles sabiam que o mais importante eram as pessoas. Esta a segunda chave da felicidade. Pode perguntar para minha avó: ela é humilde, trabalhou muito para cuidar de seus 8 filhos e ainda teve a bondade de adotar mais um. Sofreu a pobre coitada. Mas teve uma vida muito feliz, de superações, de compaixão, de ajuda, de fé. A coisa que ela mais gosta é ver seus filhos, netos, bisnetos e agregados em sua varanda nos domingos ao meio dia, reunidos naquele almoço em família, que só hoje compreendo o grandioso simbolismo.
Algumas pessoas vivem para fazer dinheiro, buscam crescer acima de tudo. Mas isso não as tornará felizes. Estamos aqui para sermos bons em qualquer ocasião, e sermos felizes. Eu tenho isso bem claro em minha vida. Tenho planos ambiciosos, normal, mas acima de tudo quero ter os momentos bons que minha avó paterna e meus avós maternos tiveram. Bom, a vida nos ensina grandes lições em seu decorrer, muitas delas através de outras pessoas. Meus avós me ensinaram a mais importante: o sentido da vida, e que para este é preciso viver em comunhão. Não lhes disse diretamente, mas sempre procuro transmitir isso, quando depois de uma longa viagem e com poucas horas de tempo para passar com eles, os abraço e sinto aquele momento de felicidade que eles me ajudaram a descobrir.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Conjuntura econômica

Dizem que devemos pensar grande, que temos que alçar vôos distantes e crescer, enriquecer, domar o mundo. Também dizem que devemos estudar para galgar os postos mais altos, ganhar os melhores salários, ter as melhores casas, os melhores carros, as melhores roupas. Temos que viajar, conhecer o mundo, realizar objetivos pessoais, subirmos na vida...
Me perdoe quem não concorda, mas ultimamente tenho repensado sobre tudo isso. Esse meu texto é fruto de diveros pensamentos filosóficos e econômicos que venho remoendo no fundo de minha mente há um certo tempo e que estão modelando meu futuro como empreendedor, mas acima de tudo como ser humano.
Sabem, desde o início dos tempos os homens criaram regras, normas sociais de convívio, e até dividiram-se em classes sociais, em uma tentativa insana de se diferenciar como raças, tipos de sangue, opções, países e por aí vai. Graças a Deus a humanidade evoluiu e vejo no quadro atual que muitas dessas barreiras caíram. Mas ainda somos afetados por certas regras que não deveriam nos nortear.
Desde 1900 d.C. viemos sofrendo mudanças extraordinárias nos termos tecnológicos e inovacionais. Nossas economias se arraigaram, transformaram-se e recriaram-se. Mas creio que nos deixamosnos levar bastante pelo dinheiro nestas últimas décadas.
De 1950 a 1989, existia no mundo, além do capitalismo, o socialismo. E como um tinha que se provar melhor do que o outro, ambos buscavam certo equilíbrio, numa competição que julgo saudável. Venceu o primeiro, e desde então este vem se enraizando ferozmente em nossa sociedade. Mas os resultados não são felizes.
Sempre pensei que socialismo fosse algo mórbido, que as pessoas eram como escravas, que todos eram alienados e viviam como mais um na multidão. Mas venho observando nossa população e é deprimente que isso ocorra, envolvendo outros tipos de comportamento, também em nosso perfeito mundo capitalista.
Costumo observar o mundo constantemente, e como bom observador noto certas coisas que não deveriam estar acontecendo. Considero cada ser vivo tão importante quanto o outro. E quando digo isso me refiro a animais e vegetais. Todos somos moradores deste planeta, todos temos inteligência, isso já foi provado. Mas vocês repararam como nos tornamos egoístas, raptando tudo que nos aparece como se fosse nossa propriedade?
Uma vez escravizamos seres humanos, hoje isso é um absurdo. Mas e os animais que ainda nos servem? Já não é hora de substituí-los?
Antigamente nossa moradia era a natureza, hoje destruímos a natureza e a substituímos por concreto. Será que isso é realmente o correto?
Vamos ao cinema, ao shopping, fazemos compras no mercado, lucramos com investimentos, empreendimentos, empresas... e pessoas passam fome, marginalizamos algumas pessoas com nosso preconceito e as levamos ao crime, mal conhecemos nossos próprios vizinhos de porta e, quem dirá, de outros andares.
Nos consideramos uma sociedade evoluída, mas venho mudando esse meu conceito. Aqui vivemos, mas daqui partiremos e nada material irá conosco. Será que a busca pelo lucro, enquanto há tanta miséria é o certo a se fazer? Não eramos um país mais feliz quando não estavamos tão bem economicamente, mas felizes, fazendo festas e orando com outras pessoas?
O pensamento do consumo vem monopolizando a mente de muitas pessoas e elas nem se dão conta. Há tanta coisa mágica nesse planeta e não as damos valor...
Pensar grande quando não se consegue viver localmente? Não, obrigado. Lucrar alto enquanto passam fome? Também não. Digo que tenho uma concepção anormal de mundo, pois observo tudo de maneira diferente. Jamais deveremos buscar o crescimento econômico, mas sim a felicidade e a caridade.
Somos todos irmãos, seres afins na caminhada pelo auto-conhecimento e pela evolução. Se buscamos tanto progredir, já não é a hora de acordarmos para a realidade? Já não é hora de tomar uma atitude e fazer a diferença? O modo como nos organizamos hoje é realmente inteligente?
Só digo uma coisa: os seres humanos criaram o mundo como o conhecemos hoje, e são os únicos capazes de fazê-lo diferente. só nós mesmos podemos mudar a forma como o 'sistema' funciona. O problema é que achamos que não depende de nós. Mas lembrem-se: nós criamos e nós controlamos o modo como o mundo é, logo, nós mesmos podemos alterá-lo. Basta cada um fazer sua parte e tomar iniciativas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Aquela tarde de verão

- PRIMEIRA PARTE - 

CAPÍTULO I
- Beaufort, Carolina do Norte -



           Aquele era para ser um fim de semana tranqüilo, visitando a casa dos pais de Philip, seu melhor amigo ali nos Estados Unidos. Eduardo, havia um ano já, fora admitido na Universidade de Princeton, em Nova Jersey. Quando isto aconteceu, ele sentiu-se flutuar: seu maior sonho estava sendo realizado. Foi admirado em sua cidade natal, um pequeno e charmoso vale, no centro de Santa Catarina, Brasil. Era o primeiro a chegar tão longe, por isso era exaltado. Carlos, seu pai, um homem de meia idade, com os poucos cabelos que lhe restavam grisalhos, um corpo cansado de sua dura batalha na vida, lhe custeara o alto valor de sua educação sem mais delongas, afinal era um dos homens mais ricos da cidade, o que significava algo, levando em conta o alto padrão das famílias que ali viviam.
            Todos colocaram expectativas sobre ele, e Eduardo jamais os decepcionou. Não era um dos melhores de sua classe, porém estava quase lá. Apesar de seu grande interesse pelos estudos, sempre teve vários amigos, com muita facilidade. Digamos que ele enxergava as pessoas de outra maneira, por isso sempre ajudava quando possível, e colecionava gratidão por onde passava. Muitos de seus amigos haviam feito escolhas graças a seus conselhos, e estavam muito contentes com as decisões que tomaram.
            Com Philip não era diferente. O jovem americano, loiro, de olhos azuis-claros, mais alto que o amigo, e mais branco da mesma forma, tinha acabado como seu colega de quarto no início do termo letivo anterior. Quando se viram pela primeira vez, parecia que já eram amigos de muitos anos. Esta sensação acabava sempre acontecendo com Eduardo, dependendo com quem ele encontrasse. Aliás, isso já nem o incomodava mais, pelo contrário, fazia-o tratar estas pessoas como se realmente já fossem amigos há longa data. Sabia de início em quem poderia confiar, ou com quem deveria pensar duas vezes antes de confessar algo.
            O jovem colega de quarto, graças a Eduardo, havia mudado completamente suas opções de curso e descobrira sua real vocação. Havia entrado com intenção de se formar um engenheiro, como seu pai, mas acabara rumando para a área da economia, que descobriu ter enorme aptidão, após dar ouvidos aos conselhos de seu amigo brasileiro.
            Mas eles não queriam saber de economia, e muito menos sobre finance, que era a área cursada por Eduardo, ou Eddy, como seus amigos americanos o chamavam. Eles estavam em Beaufort, na Carolina do Norte, cidade Natal de Phil. Era uma tarde linda de agosto, algumas semanas antes do início de suas aulas. Após muita insistência, Seu Carlos finalmente concordou em permitir que seu filho voltasse antes para a América, para então conhecer os Smith. E ali estavam eles, dirigindo pelas lindas ruas daquela cidade pitoresca, tipicamente americana, e Eduardo apreciava cada cenário com extrema admiração.
            Adorava conhecer culturas diferentes, mas a americana era a que, de longe, lhe causava mais admiração. Ficava estupefato com suas residências, seu estilo único de vida e o sonho que eram as cidades de subúrbio que cresceu assistindo em filmes hollywoodianos quando mais jovem. Mas não era daí que vinha seu interesse neste país singular. Na verdade ele já não conseguia lembrar de onde vinha esse desejo, essa obsessão com esta nação continental, que ele cultivava em seu peito. Bom, talvez ele soubesse...
            Seus pensamentos foram interrompidos quando o Corolla de Phil parou a frente de uma casa não tão colossal como as várias vistas por eles no caminho até ali, mas que tinha aquele charme que só ele, que viera de outro país, conseguia enxergar. Era uma residência de dois pavimentos, uma varanda na frente, uma garagem do lado com espaço para dois carros e um jardim cuidadosamente impecável, sem muros ou cercas. E, é claro, em um dos espaços disponíveis da frente estava pendurada aquela costumeira bandeira de listras brancas e vermelhas, mostrando o patriotismo que os americanos tanto cultivam.
            - Bem vindo ao meu lar! – exclamou Phil. Ainda estava se acostumando com o inglês, após um longo período no Brasil.
            Após uma longa apresentação aos pais do colega de quarto, com muitos risos e promessas de passeios, Ed foi levado ao quarto de hóspedes, um cômodo no segundo pavimento, não tão glamuroso como o resto do interior da casa, mas que ele teria passado a vida sem reclamar. Realmente tudo parecia como nos filmes. As ruas, as calçadas, a vegetação local, o píer, os barcos, as casas... Ele estava em êxtase e muito ansioso para sair e conhecer o resto da cidade, os amigos de Phil e os costumes locais.
            Mas acima de tudo tinha algo que lhe chamava. Uma ansiedade maior, além de conhecer a cidade. Aquela voz que sempre falou em seu peito, nas diversas noites em que, deitado em sua sacada, na tão longínqua Joaçaba, sonhava com o dia em que conheceria os Estados Unidos, hoje gritava mais alto do que nunca. Ele havia notado que esse chamamento, essa angústia vinha aumentando ultimamente, mas jamais soube explicar o por quê disso. A última vez que lhe ocorreu o mesmo, e ainda assim mais fraco, foi quando recebeu a carta de admissão e se preparava para a grande viagem. Sua mente vagou em pensamentos, tentando buscar uma resposta para esse mistério.
            E foi assim, deitado na cama, olhando pela janela para esse mundo tão diferente de suas origens, que Eduardo deixou o cansaço da viagem tomar conta e se deixou adormecer, sem se preocupar que ainda estava vestido com as roupas com que chegara, ou com que horas eram...

            - Eddy? – chamou uma voz conhecida. Eduardo abriu os olhos, havia tido um sonho estranho. Havia sonhado com sua mãe. Isabel havia falecido há muitos anos, quando ele ainda era uma criança. Em seu sonho ela lhe falava algo, estava feliz...
            Olhou em volta. De repente sua memória voltou, como um flash. Ele estava na casa de seu amigo, em Beaufort, realizando seu sonho de conhecer uma cidade tipicamente americana. Phil estava com a cabeça aparecendo na porta entreaberta que dava para o hall. Despreocupado, falou:
            - Cara, o café da manhã está quase servido. Está com fome? – Ed ficou sem entender. Provavelmente Philip havia confundido. Olhou para seu rádio-relógio, que marcava oito horas da manhã. Percebeu que estava coberto com uma manta e que ainda usava as roupas com que havia chegado ali. Subitamente uma incompreensão estampou-se em sua face. Seu amigo provavelmente a notou, pois completou – Minha mãe veio te chamar para jantar, ontem a noite, mas você estava dormindo tão profundamente que ela te cobriu com essa manta, e te deixou aí, assim mesmo, ela não queria perturbar seu descanso.
            - Ah – disse o brasileiro. Um rubor invadindo seu rosto. Havia dormido por um grande período de tempo – Gostaria de tomar um banho antes, se possível.
            - Claro! O banheiro é a última porta à esquerda do corredor.
            Assim que Phil saiu do quarto, Eduardo pôs-se de pé e inflou o peito com um ânimo de deixar qualquer um tonto. Olhou pela janela, ele estava nas nuvens, o dia estava apenas começando.
            Após o banho, ele desceu para um café da manhã com ovos, bacon e panquecas, quase um almoço para seus costumes.
            Hoje, ele iria conhecer alguns amigos de Phil. Estavam atrasados, e ele admitiu ser a causa mais provável deste atraso. Não conseguiu ser tão rápido como planejara no seu banho, mas saiu renovado.
            Embarcando no Corolla novamente, dirigiram-se a uma região central da cidade. Fazia outro dia claro naquele lugar dos sonhos, o que lhes proporcionou vestir roupas leves. Eles iriam se encontrar em uma lanchonete, e depois iriam para um passeio em seus lugares favoritos.
            O jovem estava tão emudecido com os cenários a que era apresentado que só percebeu que haviam chegado quando não ouviu mais o baixo ruído do motor. Sem demora, entrou com Phil na pequena lanchonete que haviam parado. Em uma mesa ao fundo estavam quatro jovens sentados, dois rapazes e duas garotas, mas uma delas, a que tinha a pele mais clara, contrastando com o negro de seus cabelos e o verde de seus olhos, parecia com alguma figura familiar. A voz no peito de Eduardo não gritava mais, ela estava além disso, parecia saltar por sua garganta conforme se aproximava da mesa.
            De repente veio a sensação, aquela sensação com que já estava acostumado, que várias vezes lhe acometia quando encontrava alguém que não conhecia, mas que parecia conhecer. E sabia o que viria em seguida.
            No momento em que a jovem viu Phil e pôs o olhar em Eddy, ele soube. Ela também estava sentindo o mesmo que ele. Ambos não conseguiam tirar os olhos um do outro. Mais tarde ele tentaria lembrar se respirava, pois naquele momento olhar aquela musa era tudo que conseguia. Foi como se um feitiço houvesse sido lançado sobre ele, que o impedia de desviar o olhar, de perceber o que acontecia a sua volta. E cada vez se aproximava mais da mesa.
            Um a um, Phil os introduziu. Ele cumprimentou todos, mas sem tirar os olhos daquela figura interessante, que fazia o mesmo. O olhar dela era profundo, como se ambos soubessem que algo grande estava para acontecer. Seu peito pulava descontrolado, sentia seu coração disparar.
            - ...E esta é Gabriela... – foi tudo que ele pôde ouvir. Sabia o que aconteceria, estava ansiando por isso desde que entrara naquela lanchonete e a vira. De repente soube o que a voz quis dizer por todos esses anos, ecoando em seu peito. Ela dizia para ele chegar a este lugar, este momento, ver esta misteriosa garota.
            Lentamente ergueu sua mão, tentando disfarçar sua intensa ansiedade. Ela o seguiu. Ele a tocaria e sabia o que viria. Calmamente eles tocaram suas mãos, como em um romance, ambos se encarando, e foi quando aconteceu... 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O curso


Um homem andando, mancando de uma perna, sobre uma calçada a alguns metros de distância de você. Uma pessoa cavando um buraco, ao longe, fazendo seu trabalho, focado e sem imaginar que alguém o observa.
Um pássaro voando livre, desimpedido, sem rumo e sem limitações. As folhas amarelas daquela árvore a balançar. Um transeunte qualquer, em roupas casuais, a caminhar à distância.
Não é incrível com a vida segue seu curso, despreocupada? Observando ela passar, tenho a sensação de que vejo um formigueiro. De longe apenas pequenas formigas cumprindo seu papel, sem preocupações, sem pensamentos, sem complicações.
Mas nós sabemos que não é assim. A vida tem suas complexidades sob a forma da simplicidade, isso é fato. É como olhar aquela formiga e perguntar “Será que ela está contente em trabalhar assim? Será que ela não se importa de viver toda sua existência fazendo a mesma coisa? Será que ela vai viver quanto tempo?”
            “Nós existimos. Simplesmente existimos.” Bem que eu queria que fosse assim. A verdade é que vivemos, não apenas existimos. Por baixo do véu da tranqüilidade daquela pessoa que você admira há uma infinidade de lutas internas, um milhão de conflitos que não a deixam dormir, pensamentos que rolam e rolam e a fazem perder minutos preciosos de sua vida, simplesmente porque não consegue calá-los.
            Gostaria de apenas observar a vida, mas não me contento em não questioná-la. Às vezes acho até que isso é um problema, que não pode ser normal. Mas algumas pessoas também não imaginam que eu passo por isso.
            Só sei que talvez eu nunca chegue a compreender nada. Quando acho que sei, me provo errado. Quando acho que estou errado, a vida me prova estar certo. A vida é complexa, é confusa. Dores que causam alegrias, alegrias que se transformam em tristezas, momentos que idealizamos em nostalgias, mas que nunca foram realmente daquele jeito.
            Eu só queria parar de pensar. Queria curtir mais a vida. Queria ser uma pessoa melhor. De nada adianta, porém, eu escrever e reclamar, pois a vida, por mais complexa que seja, continua seu curso. Me resta apenas acompanhá-la, sabe-se lá o que me aguarda nesse caminho. Afinal, o que eu queria mesmo, é parar de querer, porque isso está me deixando louco. Deus, dai-me forças, por favor.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Para Aline


Pensei em várias coisas para te escrever. Talvez uma historia, um conto, ou ainda uma lição e até mesmo tentar me colocar em seu lugar. Mas a verdade é que nada é mais justo que me expor diretamente a você.
Aline, te conheço há pouco tempo. Você surgiu como um mention do amigo Kennedy, numa panelinha de brincadeiras em uma rede social. No início apenas trocávamos graças e risos. Mas veio o tempo e fiquei sabendo de seu desafio; você estava com câncer.
Sempre admirei pessoas com essa luta. O que alguns chamam de doença do século, eu costumo chamar de transformação. Por que isso? Simplesmente porque as pessoas que lutam contra ele saem renovadas, tanto em seu físico como em seu espiritual.
Não acredito que as coisas acontecem sem um motivo. Daí imagino você me questionando: “E tu acha que fiz por merecer essa doença?”. Não sei, acredito que não tenho essa capacidade de julgamento. Mas nem todos os males vem para o mal, assim como nem todas as boas coisas resultam em bons frutos.
Sei que você é alguém que gosta de viver. Gosta de bons momentos e até uma boa cervejinha. Quem não gosta, não é? Mas também sei que você não desiste fácil. Só está passando por momentos que estão exigindo o seu máximo.
Tendo isso por base é que te digo (e torço para que me ouças): Nos momentos em que achar que é o fim, lembre-se de tudo que você ainda pode viver e busque forças onde achava não ser possível; Quando seu sorriso murchar por causa de seu cabelo cair, sorria porque você continua viva e ele vai crescer novamente;  Se sentir-se cansada da quimioterapia, aproveite e descanse bastante, pois logo você estará na rotina, trabalhando e estudando, e estes momentos de calmaria são raros; Quando sair algo de você e se sentir enojada, pense que é o mal saindo de seu corpo.
 Não pense nos remédios como algo ruim, eles te ajudarão a melhorar; Não pense nesse desafio como uma crueldade, mas como uma oportunidade de mostrar sua fé e sua força de vontade nos momentos mais difíceis; Não reclame, pois negações atraem más vibrações. Se reclamar, não se culpe: é completamente entendível, mas procure evitar na próxima.
Você sempre terá alguém pra conversar. Você sempre terá sua janela para olhar o céu. Você sempre terá o conforto de sua cama para descansar. Você sempre terá você mesma para se apoiar. E você sempre terá o twitter para se divertir e de nós o nosso apoio.
Nunca tive câncer e sei que deve ser chato ouvir isso de mim. Mas me importo contigo, confio e quero te ver bem. Aproveite para aprender e se tornar uma pessoa melhor ainda do que tu já é hoje.
As coisas ganham muito mais valor quando estamos prestes a perdê-las. Que você leve esse reconhecimento para sempre e continue nos servindo de exemplo de superação e bom humor, como já vem sendo.
Sinceramente,
De seu amigo e fã.

domingo, 3 de abril de 2011

Marta, a gordinha.

Marta era uma garota nada convencional. Gordinha, ela nunca usava uma roupa de banho e sempre tinha vergonha de peças que mostravam alguma parte de seu excesso de pele. Era tímida e vivia com um complexo de que alguém sempre falaria mal de sua aparência. E isso era verdade. As pessoas costumam ser más com quem é fora dos padrões do aceitável. E isso a deixava insanamente triste.
Essa garota tinha um irmão mais velho, chamado Carlos. Esse rapaz vivia um momento muito triste de sua vida, estava com câncer, em estado terminal. Ela já o vira se retorcer de dores, passar horas acrocado ao lado do vaso sanitário, cuspindo sangue e sabe-se lá mais o que, vira-o perder todo seu cabelo, aquilo que ela sempre mais achou bonito nele,  e o vira ser internado a força em um quarto de hospital, onde passara seus últimos meses.
Marta simplesmente não conseguia entender como essas coisas poderiam acontecer. Ela não entendia como Deus era capaz de simplesmente decidir que uma pessoa adoecece, de como Ele permitia que uma pessoa tivesse dificuldades em emagrecer, de como aquele Alguém poderia permitir tanta desgraça nesse mundo.
Estava cansada, e ao mesmo tempo envergonhada. Sim, além da vergonha de seu corpo, tinha vergonha de achar que sofria, enquanto seu irmão, quem verdadeiramente teria motivos para odiar o mundo, vivia sorrindo e cantando.
Certa vez ficou encarregada de cuidar de seu irmão no hospital. Ele não andava muito bem, mas mesmo assim não deixava de se esforçar para sorrir pra ela toda vez que o observava. Inquieta, questionou como poderia ele estar tão calmo assim, perante tanta desgraça. Como ficava contente com um Deus que o castigava de tal maneira. Serene, Carlos abriu-se a falar:
- Marta, quem somos nós pra tentar adivinhar a mente Dele? Nós nos julgamos desenvolvidos, superiores, mas na verdade ainda temos muito caminho pela frente até chegar ao momento de compreendermos algo dessa coisa que chamamos de vida. Eu acredito que temos motivos para passar por esses desafios a que somos impostos. Não existem pessoas que acreditam que vivemos outras vidas? Então, esse não é o fim, maninha. De que adiantaria eu reclamar, sofrer, gritar que esse mundo é injusto, que não aguento de mais dores, de como eu queria estar em outro lugar e saudável? Não, acredito que isso me foi imposto como uma prova. Um teste de que sei manter minha fé, minha paciência, meu caráter diante de qualquer situação.
- Mas veja, você mesma tem suas provações. Ou você acha que conviver no mundo normal é fácil? Que nunca nos são apresentados desafios? Você acha que é assim, simplesmente porque Deus quis que fosse? Pare melhor e pense , Marta. Existem muitas coisas que desconhecemos. Estamos em busca dessas respostas, mas nos é muito limitado ainda.
- Todos nós temos em nosso peito a resposta de nossos desafios. Quando fazemos alguma coisa que achamos certo, não sentimos algo como uma luz brilhando forte lá no nosso coração? Não sentimos uma certeza como nunca temos? Não nos sentimos, acima de tudo, bem? É assim que me sinto em suportar isso de maneira consciente. Reclamar não é uma solução, é um agravante. Além disso não sou o único a sofrer nesse mundo, até quem eu penso que nunca sofre, em seu íntimo, tem algo de que poderia se queixar, mas não o faz, suporta. É por isso, maninha, que não perco minha fé e que tenho certeza que não sou digno de julgar os planos que a vida fez para mim. Sabe-se lá o que está reservado.
Marta ficou sem palavras. Não esperava tal resposta. Começou a pensar em todas as vezes que deixou de aproveitar alguma coisa por vergonha. Vergonha do que diriam, se ririam ou não dela. Na realidade era ela mesma quem se aprisionava. Ela sentia vergonha dela mesma. Será que se ela fosse magra não faria piada de quem era acima do peso? Mas o que fazia para mudar isso? Ficar se escondendo e deixando de viver por ser obesa? Seu irmão tinha um problema bem pior que o dela, e mesmo assim não se queixava, suportava.
De repente sentiu aquele calor irradiando de seu peito, aquela certeza que Carlos havia falado. Ainda assim sentia medo. Mas a luz que imaginava saindo de seu peito era mais forte do que qualquer medo, era superior a qualquer outra certeza que tinha. Ela tinha que suportar, não reclamar.
Seu irmão partiu alguns meses depois. Mas a tristeza que deixou não foi de uma injustiça. Com sua coragem e sua paciência conseguiu mudar todos a sua volta, inclusive ela. Agora ela não tinha mais medo de tomar sol, de nadar com seus amigos. Mas também não se deixou acomodar. Estava buscando a saúde, acima de tudo. Perdera peso, sim. Estava se exercitando e obtendo uma aparência mais "aceitável". Aceitável apenas para quem se baseava em estereótipos, pois para Marta a vida havia passado para muito mais além de relacionamentos, compras e status. Agora a vida tinha outro sentido, o sentido da aprendizagem, o sentido do bem-estar, do respeito e da preservação. Carlos jamais soube, mas com um simples gesto conseguiu mudar todo seu ambiente.
É incrível, pensava ela, como pensamos ser apenas mais um na multidão. Mas se esse um se esforça, tem a capacidade de influenciar toda a multidão que o cerca. Cada um afeta o seu próximo, seja para o bem ou para o mal. Seu irmão havia influenciado muita gente para o bem, e assim ela queria ser. Marta nunca teve uma luz tão forte irradiando de seu peito, como quando pensava no bem que poderia fazer. E para isso, bastou tomar a iniciativa.

terça-feira, 22 de março de 2011

Janela

Lucas estava mais uma tarde em seu trabalho. Fazia um lindo dia do lado de fora de seu escritório. De sua janela conseguia ver as pessoas indo em direção à praia. Carros e mais carros passavam, alguns vermelhos, outros pretos, alguns cinzas e outros de diversas cores, cada um com uma pessoa feliz, seu som alto, rapazes sem camisa, garotas preparando os apetrechos para o banho de sol, alguns até passavam com as pranchas de surf presas ao capô do carro.
Ele estava entediado, cansado. Não tinha férias há dois anos, devido a mudanças de trabalho, aulas na faculdade, e diversos outros eventos. Estava irritado em ter que emitir mais relatórios, mais boletins de desempenho, mais projeções, fazer isso, fazer aquilo e ver a vida passar do lado de fora de sua janela. Sentia saudades de sentir o vento bagunçando seus cabelos, de ouvir o canto dos pássaros, de sentir a calmaria que era apenas andar na calçada em um dia tranqüilo de vida. Faria qualquer loucura para ter um pouco mais daquilo.
Foi quando a oportunidade surgiu. Seu chefe pediu para que ele fosse estacionar o carro dele em outro lugar. Lucas não pensou duas vezes. Pegou as chaves e rumou em direção ao carro. Seu corpo já sentia a adrenalina aumentando e seu coração já batia mais acelerado.
Entrando no carro e acelerando rumo a rodovia que ali próxima existia, o jovem pôs-se a dirigir com toda vontade. Abriu todas as janelas e sentiu o vento percorrer todo seu corpo. Com uma das mãos arrancou a gravata que tanto o sufocava e pôs o óculos-de-sol que estava no banco do passageiro.
Que sensação, que paz estava sentindo. Como era gostoso aquela brisa, ver o mar ao longe brilhando com o reflexo da luz daquele sol, daquele dia quente de verão.
Dirigiu com todo seu ânimo em sentido à praia. Seu celular tocou, ele nem se deu ao trabalho de ver quem era, apenas desligou e aumentou o volume da rádio. Um sentimento de liberdade percorria suas veias, e ele não queria saber de perdê-lo.
Estacionou à beira da praia, lentamente tirou seus sapatos, sua camisa e suas meias. Dobrando sua calça até a altura do joelho, caminhou em direção à areia, parando apenas para comprar uma cerveja no caminho. Sentou-se e sua audição foi inundada pelo barulho das ondas a quebrar na orla.
Respirou fundo, uma respiração pura, uma respiração de paz. Tomou um gole de sua cerveja gelada, que desceu como água naquele dia de calor. A brisa pôs-se a varrer seus cabelos novamente. Dessa vez não apenas via as pessoas felizes correndo, brincando, rindo... Dessa vez ele estava entre eles.
A sensação que ele estava tendo não era apenas pura liberdade, não era apenas um sentimento livre de culpa. O que ele vinha sentindo era a VIDA! A vida de um jeito que não se era possível sentir em frente a um computador ou assistindo à televisão.
Não sabia o que aconteceria quando voltasse para o escritório, isso resolveria depois. Sabia apenas que a vida fora feita para os seres humanos valorizarem e que de hoje em diante ele faria isso. Mas no momento queria aproveitar o agora, observar a natureza e sentir-se vivo, como não se sentia há muito tempo.

domingo, 20 de março de 2011

unfinished


Run! Do it fast! Faster and faster! Hurry up! I need this for yesterday! C'mon! Life is short! I don't have patience! Now!...
I want to scream, I do want to run, but far away from here. I do want to go fast, but to the moment of life i'll have silence, a little bit of peace. We don't need to hurry, we don't need to go faster and faster, we just need to enjoy life as it appears to us.
Earth is getting addicted to a pace of life that is not common for our kind. everything must be done now, everybody wants answers immediately, wants to get to their final destination the exact moment they think of it. People doesn't have patience anymore.
A very wise man once said "Patience is a virtue". A person who is patient is in peace with the world. Why not waiting some more minutes, why buying everything just right now, why can't we respect the limits, live just like our ancestors did, let the world take its time?
Doing everything faster doesn't let you appreciate the wind blowing off your hair, doesn't allow you to see for several minutes a cloud going its way far from the place you are, doesn't make you feel how everything is connected and designed brillantly.
Have you ever stopped some hours just watching the stars, and the moon? Doesn't it seem to you a waste of time looking at the stars? Well, I guess having small talks on the internet should be a better way to live.
I was thinking about mail. It's been so much time since I've last got a letter from someone. The anxiously about the arrival, your heart beating faster when you see the mailman bringing some stuff, the hope for being remembered... It doesn't work this way with my e-mail inbox.
I believe our bodies have their own will, and they do this to test us. If you turn you body used to something, you'd better be mind-prepared to fight against it. We're meant to be soul-ruled people, that's why we have our intelligence, our feelings.
Our body is always trying to control us, but we have to fight against it, for our own sake. Just question: does everything our body judges as good is really what it thinks about it?
I'm trying to take control of my wishes, to be a soul-ruled, instead of a body one. Unfortunately I'm one in a billion. But I'll take my pace, I'll try to change the world, I can do that.
I wonder how [...]

-to be continued another time-

terça-feira, 8 de março de 2011

Living High and righteously

I never used to think that the world were about "having", instead of "being". Since childhood, I only cared about my parents, my relatives, my dog, and never thought about the place i lived, the clothes i was wearing, the people i hang out, or the future.
Than puberty came and brought a whole new perspectives. This way of thinking imposed itself and made me create differences between poverty and richness, goodness and badness, friendship and enmity, acceptable and unacceptable, right and wrong.
Society has evoluted quickly in the last 50 years, but not morally talking. We're still transforming our thoughts, getting new perspectives and realizing new horizons.
For a short period of time, I let myself be taken by this mass way of life. Fortunately I woke up to reality, and it is way more beautiful than the rest of the world can imagine. To the hell misconceptions, prejudices, this bad destructive capitalistic way of living. I'm not a communist, thou.
I believe that human beings can live as brothers and sister, I think we're much more than just me, or you. We're souls evoluting on a place full of challenges and atonement. I believe that getting in touch with nature is way more important than having this or that apartment, this or that car. After all, we go to the beach because of it's beauty, the way it make us feel. We love summer 'cause it's the time we get peace, when we get together with our friends, when we travel around the world, get to know wonderfull places and have fun.
It is not correct destroying our envoironment as a matter of confort, because we want to live better.
Some friend of mine said that the world is dramatically changing, is passing through a period of transition and that who got prepared for this will be able to live a better life. The ones who insist on the same mistakes are going to suffer.  I belive that, and I still believe one other thing she said: People are going after their origins.
First I got to think, than she made me realize I was already doing that. But I did that unconsciously, because something said in my mind that going after that was making me a better person, and it was right.
Our parents, grandparents and others lived in this world for more than 3.000 years without a bunch of the crap we "must have" today. I believe some inventions came to improve our life, but we're in a time that we must think of what is really important, what will bring us some learning and make us grow on this journey.
I started living, as my mentor Jason Mraz would call, high and righteously. I hope my friends, the ones who hasn't started yet, will take the same way. After all, life is really good. While you're reading this and complaining about the TV, or your internet connection, some people are complaining about the food they don't have, because the crops of their place are destinated to supply your needs.
So stop living as you only have this life, you know you don't. Stop judging other as you knew what they have gone trough, you'll never do. Stop thinking that you must think first of yourself, cause this will take you nowhere. Let's all join hands and face this walk as we're supposed to do, as brethren.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

What hurts the most


O mundo está mudando, você consegue sentir? Pessoas sendo mortas, pessoas lutando pela sua liberdade, o Oriente médio sob o efeito de uma multidão enfurecida por seus direitos, grandes tragédias levando pessoas queridas aqui, no norte, no oriente, em todo lugar...
Nem tudo é mal, afinal. Grandes realizações estão acontecendo. Os seres humanos querem aproveitar mais a vida, querem viajar e conhecer o mundo, estão em busca de suas origens, formando novas empresas com potencial de mudar o mundo, transformando o país e o mundo em que vivemos, cada vez mais próximos.
Mas isso não apaga os fatos que vem acontecendo a todos. O mundo está mudando sim, e este mesmo mundo está dando seu recado.
Todos os dias somos bombardeados por desejos consumistas, por vontades mundanas, por gastar, poluir, até mesmo por relacionamentos frívolos, que mais prejudicam o próximo do que o bem que deveriam fazer. Podemos ir a pé até o mercado e vamos de carro. Podemos subir de escadas e vamos de elevador, por preguiça. Não devemos beber e dirigir, o fazemos. Não devemos passar dos limites, e os passamos. Não devemos trair, e traímos. Que espécie de seres somos nós, que nos julgamos a inteligência suprema.
Uma coisa se consegue notar assistindo a filmes antigos, e essa coisa é como os valores se degradaram com o tempo. Felizmente muitos seres estão acordando e corrigindo-se, mudando seu modo de ser porque agora entendem que não somos nós os donos disso tudo. Nosso mundo, nossa casa, nosso corpo e nossa vida nada mais são que presentes nos dados por alguém que um dia iremos conhecer.
Estamos aqui por algum motivo, cada um sabe no fundo de sua alma qual motivo é este. Só dois tipos de pessoas partem: aqueles que cumpriram com seu dever e aqueles que nada mais fizeram do que extrapolar os limites impostos.
Sou sinceramente feliz por dizer que conheço muitas pessoas que irão partir por cumprir seu dever, como aconteceu hoje a meus Tios. Mas também tenho o pesar de saber que verei muitas pessoas terem sua existência abreviada por fatalidades, que se você analisar foram concebidas por elas mesmas. Egoístas estes últimos o são, pois mal sabem eles quantas pessoas, além dele, dependem de sua existência. Você já imaginou como ficariam seus amigos e sua família caso você partisse?
O que digo aqui é que está na hora de despertarmos. Não estamos aqui de brincadeira. Os bons estão indo e sendo recompensados. Os egoístas estão indo também, mas o mundo está mudando e dificilmente eles retornarão. A mudança vem do coração de cada um, e só é efetiva quando a pessoa se empenha em realizá-la.
Você já contabilizou quantas perdas teve nos últimos tempos? Quantos amigos você perdeu em acidentes? Quantos parentes queridos se foram e deixaram muitas saudades? É meus amigos. A vida está clamando para que mudemos nossos hábitos. Mas isso, como já disse, só depende de nós. Por favor, clementemente te peço, pense nisso. Eu não quero te perder.