segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Utopia

Já imaginou que irreal seria se as pessoas fossem elas mesmas? Se no calor do instante, no aflorar das emoções e na expressão dos sentimentos não existissem máscaras? Se alguém pudesse ser ela mesma sem medo de julgamentos, se uma pessoa não pudesse ser falsa e tivesse de mostrar suas reais intenções perante os demais, assim translúcido como a água?
Em um simples bom dia, uma troca de olhares, até mesmo uma sorriso: tudo seria verdadeiro. Amigos seriam diferenciados de outros quaisquer, e aqueles com maldade impregnada no fundo de suas almas sofreriam. Aquele “Boa sorte”, ou aquele “obrigado” não seriam mais seguidos daqueles pensamentos obscuros de maldade, de mentira, estes que preenchem a moral e abusam da inocência, da ingenuidade e da boa vontade.
No dia a dia teríamos que aprender a sermos nós mesmos. A conviver com nossos defeitos, a enfrentar a rejeição, a brigar mais, e a fazer mais as pazes. Porque no fim, de que serve uma briga se não para que o concílio exista? De que serve uma verdade, se não para que o ouvinte desta mesma a processe e reflita sobre o seu significado?
Já imaginou em que mundo insano viveríamos? Sem máscaras, sem mentiras, com várias decepções, com várias amarguras, com muita superação, com muito aprendizado. E, por fim, já imaginou que surreal seria você começar a ser você mesmo, de verdade, agora? Doido não? Não consigo imaginar...

domingo, 18 de novembro de 2012

Pipa

O dia escurece aos poucos. A luz que confere as cores a tudo que vejo vai ficando fraca e mais fraca. Algumas nuvens passam tranquilas pelo imenso céu sobre minha cabeça.
Deitado ali, naquele canto isolado e esquecido pelo mundo observo como ele realmente funciona, sem a caoticidade das rotinas, sem o tic-tac de qualquer relógio, controlando o tempo apenas pelo movimento daquela pequena lua que aos poucos vai ganhando intensidade.
De fundo apenas o vento rugindo, e o farfalhar das folhas verdes e intensas da primavera. Também aquela antiga melodia tranquila, e aquela outra melosa. Tudo que faço é pensar, pensar, deixar a vida passar e observar sem me deixar levar pelo mundo fictício do humanos.
Desse ponto de vista tudo parece ridículo, a forma como as coisas acontecem. E de saber que houve um tempo que não era assim, os humanos sempre procuraram meios de impor suas verdades como se fossem leis pétreas. Eu reflito e acredito em um mundo diferente. A Terra está aí para fazermos dela o que quisermos, quem nos impede somos nós mesmo.
Mas então também repenso em como sou controverso. Olhando um pôr do sol, filosofando, tudo torna-se fácil depois de dias de situações no mínimo mundanas, de exacerbado entretenimento sem culpa. Quero ser uma pessoa melhor, de verdade.
Fico preocupado, estressado, decido que não se pode ter mais fé nas pessoas. Ou talvez possa sim, estou apenas focando o que aconteceu de errado.
No horizonte um semblante me intriga, seria um pássaro? Seus movimentos são descordenados, mas insiste em voar por entre as nuvens. Aperto os olhos e consigo ver o que é: uma pequena pipa que perdeu sua linha e agora, livre, tende a ir para onde quiser. E ela vem e volta, pássaros voam perto dela, o vento nem é tão forte mas ela continua alto e firme.
Queria ser como ela. Solitário, talvez, mas sem preocupações. Ou queria eu que apenas ela levasse minhas preocupações embora, meus medos, meus arrependimentos.
Quisera eu ter tomado outros rumos, não ter me metido em certas confusões. Bom, mas aí não teriam acontecido as coisas boas também. É complicado.
De repente uma mensagem no celular me faz voltar a realidade, já estava há duas horas ali: vendo a vida passar.
Sinto uma resposta vindo de longe. Nada mudaria enquanto continuasse parado. Levantei-me da cadeira, e com um último olhar para as nuvens de coloração rosa e o clima de saudades de tempos que já se foram, dirigi-me às minhas obrigações, a vida é minha e as atitudes também devem ser.