sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Everything will be fine


Dizem que a vida não é o que ela faz de você, e sim o que você faz dela. Essa reflexão tem tomado conta da minha cabeça nos últimos dias. Sei que é clichê demais, só que 2013 está aí e parei pra pensar precocemente sobre esse ano que está acabando. Não fiquei contente.
Acho que perda de foco é o que define 2012 para mim. Mas foco em que? Seria uma perda ou uma mudança? Seria em todos os aspectos ou apenas em alguns? Que ano louco, ou que louco que eu sou.
Como uma pessoa perde seu rumo? Como ela se deixa levar? Como uma coisa que era boa, acabou se tornando um excesso e prejudicando? Como essa mesma coisa consegue apagar todas as outras grandes conquistas que você realizou?
Me sinto perdido. Mas acredito que saber disso e estar ao menos tentando mudar já é um grande avanço. Mas aí vem o medo. A sensação de esquecimento. A insegurança. Não sei.
O que vou fazer de minha vida daqui para frente? Vou me deixar levar? Vou focar em que? Que tipo de pessoa quero me tornar? Qual meu objetivo de vida? Não sei quantas vezes já me perguntei isso. Como um planejamento de empresa, meu planejamento pessoal se adapta ao mercado, ou a vida. Mas até que ponto preciso deixar ser adaptado?
Só sei que quanto mais sei, nada sei. 2013 está aí, hora de repensar muitas coisas e tomar as rédeas. Voltar a ter foco de verdade. A vida é muito mais do que festas, mulheres e bebidas. Chega de desperdiçar recursos com futilidades, de ser mais um no meio da multidão, de alimentar esse sistema injusto e não fazer nada em prol do bem alheio. Hora de voltar a ser um humano e deixar de ser mais uma peça de uma máquina depreciada.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Utopia

Já imaginou que irreal seria se as pessoas fossem elas mesmas? Se no calor do instante, no aflorar das emoções e na expressão dos sentimentos não existissem máscaras? Se alguém pudesse ser ela mesma sem medo de julgamentos, se uma pessoa não pudesse ser falsa e tivesse de mostrar suas reais intenções perante os demais, assim translúcido como a água?
Em um simples bom dia, uma troca de olhares, até mesmo uma sorriso: tudo seria verdadeiro. Amigos seriam diferenciados de outros quaisquer, e aqueles com maldade impregnada no fundo de suas almas sofreriam. Aquele “Boa sorte”, ou aquele “obrigado” não seriam mais seguidos daqueles pensamentos obscuros de maldade, de mentira, estes que preenchem a moral e abusam da inocência, da ingenuidade e da boa vontade.
No dia a dia teríamos que aprender a sermos nós mesmos. A conviver com nossos defeitos, a enfrentar a rejeição, a brigar mais, e a fazer mais as pazes. Porque no fim, de que serve uma briga se não para que o concílio exista? De que serve uma verdade, se não para que o ouvinte desta mesma a processe e reflita sobre o seu significado?
Já imaginou em que mundo insano viveríamos? Sem máscaras, sem mentiras, com várias decepções, com várias amarguras, com muita superação, com muito aprendizado. E, por fim, já imaginou que surreal seria você começar a ser você mesmo, de verdade, agora? Doido não? Não consigo imaginar...

domingo, 18 de novembro de 2012

Pipa

O dia escurece aos poucos. A luz que confere as cores a tudo que vejo vai ficando fraca e mais fraca. Algumas nuvens passam tranquilas pelo imenso céu sobre minha cabeça.
Deitado ali, naquele canto isolado e esquecido pelo mundo observo como ele realmente funciona, sem a caoticidade das rotinas, sem o tic-tac de qualquer relógio, controlando o tempo apenas pelo movimento daquela pequena lua que aos poucos vai ganhando intensidade.
De fundo apenas o vento rugindo, e o farfalhar das folhas verdes e intensas da primavera. Também aquela antiga melodia tranquila, e aquela outra melosa. Tudo que faço é pensar, pensar, deixar a vida passar e observar sem me deixar levar pelo mundo fictício do humanos.
Desse ponto de vista tudo parece ridículo, a forma como as coisas acontecem. E de saber que houve um tempo que não era assim, os humanos sempre procuraram meios de impor suas verdades como se fossem leis pétreas. Eu reflito e acredito em um mundo diferente. A Terra está aí para fazermos dela o que quisermos, quem nos impede somos nós mesmo.
Mas então também repenso em como sou controverso. Olhando um pôr do sol, filosofando, tudo torna-se fácil depois de dias de situações no mínimo mundanas, de exacerbado entretenimento sem culpa. Quero ser uma pessoa melhor, de verdade.
Fico preocupado, estressado, decido que não se pode ter mais fé nas pessoas. Ou talvez possa sim, estou apenas focando o que aconteceu de errado.
No horizonte um semblante me intriga, seria um pássaro? Seus movimentos são descordenados, mas insiste em voar por entre as nuvens. Aperto os olhos e consigo ver o que é: uma pequena pipa que perdeu sua linha e agora, livre, tende a ir para onde quiser. E ela vem e volta, pássaros voam perto dela, o vento nem é tão forte mas ela continua alto e firme.
Queria ser como ela. Solitário, talvez, mas sem preocupações. Ou queria eu que apenas ela levasse minhas preocupações embora, meus medos, meus arrependimentos.
Quisera eu ter tomado outros rumos, não ter me metido em certas confusões. Bom, mas aí não teriam acontecido as coisas boas também. É complicado.
De repente uma mensagem no celular me faz voltar a realidade, já estava há duas horas ali: vendo a vida passar.
Sinto uma resposta vindo de longe. Nada mudaria enquanto continuasse parado. Levantei-me da cadeira, e com um último olhar para as nuvens de coloração rosa e o clima de saudades de tempos que já se foram, dirigi-me às minhas obrigações, a vida é minha e as atitudes também devem ser.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Intensidade.

Intensidade.
Sente a força dessa palavra? Consegue imaginar seu corpo se mexendo, seus fios arrepiando, seus olhos iluminando?
Quem não gosta de algo intenso, como um amor?
Abraçar, pegar pelos cabelos, sentir o cheiro profundo de perfume no pescoço daquela pessoa, bejar com paixão, querer fugir juntos para sabe-se lá onde.
Intensidade é uma sensação que vai crescendo aos poucos, que vai contaminando, que vai te pegar no momento mais desprevenido. Ela é como um vírus, vai passando de pessoa para pessoa, mas precisa ter surgido de alguém em algum ponto.
O ser que criou o tudo e o todo, quando estava em seu processo, deve ter jogado essa sensação para tornar as pessoas mais espontâneas, para tornar os amores mais vorazes, os dias mais tolerantes e as alegrias mais profundas.
Ah, como é bom você ser domando por aquela vontade de fazer algo, de ser alguém para outra pessoa, de conhecer o mundo e fugir por todo ele. Essa irracionalidade tão pré-julgada que as pessoas tem medo de experimentar, mas que proporciona momentos únicos para aqueles que dela bebem
Intensidade é mais do que paixão, pois ela é um dos ingredientes dessa característica. É como se fosse uma droga, que não prejudica, que depende de você para mantê-la. Felizes os que conseguem mantê-la constantemente, que conseguem deixar sua marca por onde passam e que mexem com um ambiente apenas com seu amor por viver, com sua alegria de estar presenciando um momento.
A intensidade só não é permanente porque se fosse, seria comum. E isso é uma coisa que ela não é. Não é em excesso, porque se fosse em excesso faria mal. Ela é na medida certa, nos momentos certos.
Você consegue sentir? Consegue pressentir ela crescendo dentro de você mesmo?
Corra, abrace, faça amor sob o céu estrelado, durma de conchinha, corra pela praia, tome um banho de mar. Faça tudo que achar que deva fazer, não se arrependa.
Sentimentos bons não são para ser remediados, contados. Eles vem quando vem e devem ser usados sem contra-indicações. Você não sabe o que se passa, apenas sente, como deve ser. Intenso.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Nuvens

Sei lá. Venho sentindo essa vontade de refletir sobre tudo, ultimamente. Essa coceira que começa com uma frustração ao perceber alguma coisa, que se segue pela vontade incontrolável de escrever aqui. Peço desculpas se te aborreço com minhas ideias, minhas reflexões e todo esse blablabla... Mas tem que ser posto pra fora de algum modo.
Sabe, eu me sinto manipulado, me sinto viciado, acima de tudo cansado. De que? Dessa vida que levamos, o que mais seria? Desse nosso apego extremo sobre as teconologias, as redes sociais, os meios de comunicação, sobre o modo que vivemos em sociedade, e de como não vivemos mais. De como deixamos a vida passar, sem percebe-la.
Não sejamos omissos. Quem aqui não perde horas e horas do seu dia em frente a um computador, olhando fotos dos outros, conversando com eles, postando frases e fotos, ou apenas olhando tudo, e de novo, de novo, e mais uma vez...
Nos tornamos escravos coletivos. E digo coletivo, porque se uma pessoa se arrisca a isolar-se, ela é excluída do mundo. Hoje em dia tudo é marcado on-line, tudo se comenta virtualmente. Hoje em dia, se passa de foto em foto e a cada uma cria-se um pensamento, um julgamento.
É para isso que ficamos em frente às telas o tempo todo. Queremos saber o que está acontecendo e para já. Queremos ver o que fulano e ciclano fizeram, e como estavam, com quem estavam. Queremos julgá-lo por como aparece em sua foto, queremos comentar e rir com nossos amigos daquilo.
Fui acostumado a crescer longe dessas inovações. Não sei o que tenho que não consigo gostar. E quando digo gostar, é só isso mesmo. Afinal, como todos sabem, também sou um escravo digital e quase que integralmente.
Não sou hipócrita, não quero criticar quem gosta disso. É só que isso me deixa agoniado, me deixa vazio. É como se não existissem amigos de verdade hoje em dia, perceberam como está mais difícil?
O que se faz hoje, o que se conversa é sobre como fulana está gata em tal foto, em como ciclana está vulgar (pra ser educado). Sobre a festa que se vai na sexta, e no sabado, e no domingo, e na segunda... O mundo corre rápido e mais rápido, e gira e gira... Mas ao mesmo tempo não o vemos girar.
Ou você vai dizer que sente as horas passarem? Que quando se está no facebook o tempo não voa? Que quando se viu, não fez nada do que tinha para fazer, nada de útil, porque se perdeu nos comentários ou nos bate-papos?
Hoje depois do trabalho eu resolvi sentar na praça do condomínio. Estava um fim de tarde ótimo: céu azul, um pouco quente, mas na medida certa, algumas nuvens pelo céu... E foi quando eu observei as nuvens e vi como elas se movimentavam, e como o céu ia mudando de cor conforme o tempo ia passando, conforme a sombra ia crescendo, que eu percebi quanto tempo eu havia passado sem reparar no mundo andando.
Vivemos dentro de nossas mentes e de nossas celas, muitas delas virtuais. Quando crianças observamos tudo. Lembra como era curioso qualquer novidade que víamos? Qualquer coisa era possível, pois não tinhamos limites. E hoje? Estes limites existem dentro de cada um de nós, criados por suposições nossas de como seremos julgados caso fizermos isso e aquilo.
Me perdoem pela quantidade de texto, mas o desabafo é necessário. Imaginem isso tudo dentro da minha cabeça, martelando...
Sinto falta de uma vida onde eu consiga observar o tempo passar, onde o computador não seja uma extensão de mim mesmo... Quem diria, eu poderia estar escrevendo isso em um papel, não é? Viu como são as coisas? Tenho saudades de quando eu usava meu tempo observando como uma árvore reagia ao vento, ao invés de ficar vendo fotos do mundo, sem realmente conhecê-lo...
É complicado isso. E não tenho solução para tal, jamais foi minha intenção ao escrever isso.
Tenho sede de vida, tenho sede de respirar de verdade, de observar e de sentir de verdade.

domingo, 14 de outubro de 2012

Escolhas

Era uma noite de lua cheia, no qual as estrelas eram ofuscadas pelo brilho daquele globo prateado bem no meio do céu. O clima era ameno, o barulho quase inexistente. Talvez só não totalmente mudo, pelo calmo e baixo respirar de um bebê que dormia despreocupado em seu berço, sob os olhos de um pai que com um leve sorriso o analisava de cima a baixo, como quem não consegue acreditar no que está vendo, um sentimento de amor profundo em seu peito. Amor este como só existe entre família.
O jovem rapaz, com seus trinta e poucos anos, mal conseguia acreditar que aquela pequena criatura que descansava silenciosamente, e que há dez minutos atrás postava-se a chorar descontroladamente, havia saído como um fruto de seu amor por sua esposa. Como era incrível.
Deixou-se levar pelos seus pensamentos, não havia como não observar o pequeno garoto sem pensar em seu longo futuro. Estava animado por ter de ensinar ao seu bebê os primeiros passos, a falar "mama", "papa", a ter que ajudá-lo a se levantar de seus muitos tombos nas brincadeiras que faria. Seu coração acelerava só de imaginar.
De repente sentiu um frio em seu peito. Ao dar seus primeiros passos, seu filhinho estaria rumando para a independência, para o futuro, para o crescimento... Ah, mas ainda teria muito tempo com ele. A escolinha, os primeiros romances, teria que ensiná-lo a praticar esportes, quem sabe não seria um grande corredor como o pai?
A cena veio a sua mente, ele quinze anos mais velho correndo lado a lado com o jovenzinho. Talvez até perdendo para ele. Riu sozinho no quarto, cuidando para não fazer barulhos demasiados que pudessem acordar o bebê, ou mesmo sua esposa que repousava depois de dias cansativos de recuperação.
Ao mesmo passo que abriu seu sorriso, o fechou. Lembrou de quando era mais novo, de como não gostava que sonhassem futuros para si, de como queria construir seus próprios hobbies, seus próprios interesses, de como era rebelde em sua adolescência. Isso tudo se repetiria com seu filho? Provavelmente.
Crianças são seres humanos como quaisquer outros, indivíduos, pessoas com suas próprias necessidades. Imaginou seu filho acreditando que tudo era possível, crescendo querendo ser um astronauta, um piloto, pensando que pode fazer o que quiser. Na realidade, poderia mesmo. Tentou visualizar ele apaixonando-se pela primeira vez, dando seu primeiro beijo, seu primeiro relacionamento. Ah, como haviam coisas para se fazer e aprender nessa vida.
Em seguida viria a faculdade, a fase de aproveitar a vida e onde provavelmente pararia de acreditar no amor até se apaixonar de verdade. Onde teria o primeiro contato com a vida dos adultos, onde nem tudo é possível. Sentiu uma ponta de medo, não queria que seu filho passasse por isso.
E se o choque fosse tão grande que ele quisesse largar tudo e viajar como um andarilho, igual a estas histórias que ouve-se por aí? Como seria viver assim, à mercê da sociedade? Como viveria ele, o pai, sem saber notícias de seu filho, sem saber se estava bem, imaginando-o passando frio e fome. Talvez vivesse mais feliz do que essas pessoas aprisionadas no sistema, como chamavam. Talvez fosse mais feliz do que pudesse imaginar.
Seus olhos vislumbravam o nada enquanto filosofava. O engraçado é que preocupava-se tanto com alguém que alguns dias atrás nem sequer existia. Curioso como as coisas aconteciam na vida.
Olhou para seu relógio, já estava há um bom tempo ali. Abaixando-se cuidadosamente, postou-se a beijar a pequena testa do bebê. Ele nem acordou. Sorriu novamente, e finalmente encontrou a resposta das perguntas que estava se fazendo: não há como saber. Pessoas nascem sem medos, sem preconceitos, sem definições e sem parâmetros: tudo é possível na cabeça de alguém que acabou de nascer. Conforme se cresce é que absorvem-se experiências, que ouvem-se os primeiros nãos e criam-se os primeiros muros. Mas isso varia de ser para ser. Esperava o melhor para seu filho, mas sabia que para o seu bem era preciso deixá-lo experimentar, absorver, viver.
Respirando profundamente, deitou-se em sua cama pensando em sua vida e como estava feliz por tudo. Pelos momentos ruins e pelos bons como esse. Fechou seus olhos lentamente, deixando-se levar pelo peso do sono de um pai que pouco dorme em função de seu novo filho, mas que estava seguro de que acontecesse o que fosse acontecer, e estivesse onde pudesse estar, apoiaria seu filho incondicionalmente em suas escolhas conscientes.

sábado, 25 de agosto de 2012

Medo

Por várias vezes, neste mesmo blog, eu falei sobre morte, sobre desafios, escolhas e eventos de minha vida. Mas nunca eu tirei um tempo para falar de algo um pouco mais íntimo e que desvenda um pouco mais sobre minha própria personalidade.
Seres humanos sentem medo, é natural, é o instinto falando. Sem o medo, seríamos inconsequentes. Alguns temem o escuro, outros temem os mortos, pessoas temem pessoas... São características que nos definem, que moldam nosso jeito de ser e como reagimos a certas circunstâncias.
Vocês bem sabem que da morte eu não tenho medo. Chegará minha hora e devo aceitar, apesar de que ficarei muito triste pelos que possam sofrer minha perda. Realmente isso me deixa nervoso, mas não com medo.
Mas então, serei eu um destemido corajoso que não teme nada? Não. Aliás, acredito ser impossível uma pessoa não sentir medo de pelo menos alguma coisa, por mais que negue sempre temos nossos monstros vivendo dentro de nós mesmos.
Pensando profundamente, cheguei a conclusão de que somente duas coisas podem me deixar com muito medo. A primeira delas... bem, não vem ao caso agora. A segunda, que é o motivo de estar escrevendo este texto, essa sim tem o poder de me deixar noites sem dormir, de despertar dores profundas em meu estômago e implantar a pior dor de cabeça do mundo em questão de segundos.
O que seria esse medo?
Eu vos digo: eu tenho medo de ficar sem dinheiro.
Calma, não me julguem por fútil ou algo parecido. Sei que a felicidade existe mesmo para aqueles que vivem à mercê da sociedade. Mas vivo em uma situação hoje que muito me preocuparia acordar certo dia e descobrir que não tenho nada.
É triste a realidade em que vivemos, onde tudo depende de um pedaço de papel com um valor escrito. Ou pior, onde um número em uma tela eletrônica indica o que você pode fazer e até quando sua liberdade pode continuar.
Já imaginou acordar certo dia e dar-se conta de que você não tem dinheiro para pagar o seu aluguel? Onde você irá morar? E que não tem dinheiro para pagar suas contas? A luz, o gás, a internet... Pior ainda, que não há dinheiro suficiente para um almoço. Quantos dias você aguentaria sem poder comer? E se não tivesse dinheiro para pegar um ônibus? Se suas roupas estivessem velhas e gastas e não pudesse comprar mais?
Tudo bem, coisas materiais. Mas você já reparou que hoje não se tem amigos sem dinheiro? Ou quando você combina de sair com seus amigos, para comer, ver um filme, jogar algum jogo, ou mesmo dar uma volta, nada é gasto? Se você não tem dinheiro, você não pode acompanhar seus amigos nas atividades que mantem suas amizades.
Acredito em amizades verdadeiras, que duram além disso. Amigos que pagam coisas uns para os outros, também. Mas sempre tem que haver a recíproca, não é?
O pior fato de todos: já pensou, além de não ter dinheiro, você morar longe de sua família? Do seu suporte de todas as horas? É. Você não teria como ir até eles, entrar em contato com eles, pedir ajuda.
Julgamentos a parte, este é meu segundo maior medo. Profundo, intenso, de me tirar o sono, fazer meus cabelos caírem e minha idade avançar mais rápido. Talvez seja por isso que muito me perco em filmes como Into the wild, livros do Amyr Klink, histórias de pessoas que vivem um passo a frente da construção de nossa sociedade. Mas ao mesmo tempo, acho impossível eu ter uma vida fora do sistema...
Não sei, medos costumam ser confusos e o meu não é diferente.
Algo para entender melhor o que estou falando é o filme "O Preço do Amanhã (In time)". Quando o vi, senti meu medo construído na tela de minha televisão.
Sabe como deve se sentir alguém preso a uma jaula, com pouca luz e sem ter o que fazer sobre sua situação? É exatamente assim que eu me sentiria se um dia não tivesse dinheiro. Sonhos são lindos, planos podem facilmente ser desenhados. O fato é que a vida de adulto nos traz um desprazer muito grande, e esse desprazer é saber que para realizá-los é sempre preciso alguém para custeá-los...

domingo, 29 de julho de 2012

Semântica

Uma troca de olhares, um sorriso meio tímido, um pensamento seguido de uma escolha que leva a um certo destino.
Não é curioso como tudo funciona? Tantas vezes fala-se em dois caminhos e uma só possibilidade. Nas pessoas que te acompanham, nas implicações que isso terá. Aí, tão rápido quanto aquela estrela cadente que você viu cair noites atrás, surge esse momento que bagunça tudo e te deixa embasbacado.
Aquela música de fundo, aquele nervosismo singular, você sente-se suando frio com uma urgência de roer suas unhas. Ao mesmo tempo que sente medo em envolver-se, seu coração o trai buscando a adrenalina das emoções à flor da pele.
Seja você, seja seu amigo, sejam seus familiares, quem for. As peculiaridades da vida ocorrem de similar maneira, perspicaz, o que muda é o modo como cada um trabalha com isso. Alguns preferem titularidade, outros são mais reservados.
O dilema é que o futuro está envolto em um véu muito obscuro e não há como se adivinhar as oportunidades  às quais você será apresentado em alguns dias, horas, minutos...
Mais curioso ainda, é que este mesmo dilema consegue adequar-se ao passado. Quem nunca se perdeu imaginando aqueles "Tempos de Ouro". Como tudo era mais simples, mais devagar, em como as pessoas eram melhores. Será mesmo?
Os terremotos que bagunçam sua vida hoje, também fizeram-se presentes em diversas ocasiões. O fato é que nunca saberemos quando ocorreram, ou como se sucederam. O maior presente da humanidade, que também é sua maior desgraça, é a individualidade que nos permite a discrição nos momentos certos e que também nos lega o sofrimento em silêncio.
Então o que seria essa troca de olhares? Esse sorriso meio tímido? Esse pensamento que levou a uma escolha que, por sua vez traçou um destino?
Será um novo romance, como você está imaginando? Ou será uma troca de olhares perante um novo desafio, uma nova possibilidade? O que um autor quer dizer com suas palavras? Não te incomoda não saber?
"A vida e seus mistérios". Tão clichê.
Seja em Paris, seja em Singapura, Miami, São Paulo... Qualquer pessoa, de qualquer lugar tem seus momentos de perdição. Mas uma perdição através da imaginação, da lembrança e da vontade. Todos são apresentados a momentos de trocas de olhares, de sorrisos tímidos, de pensamentos com decisões.
Qual o objetivo desse texto?, pergunta-se o leitor. Toma-se o contexto que preferir, novamente entra o individualismo como presente ou maldição. O que quer se dizer, sabe-se somente no momento da escrita. O que far-se-á depois, lega-se ao momento. E assim tem sido por todos os tempos.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Life is wonderful

LIFE IS WONDERFUL - Jason Mraz



It takes a crane to build a crane
It takes two floors to make a story
It takes an egg to make a hen
It takes the hen to make an egg
There is no end to what I'm saying
It takes a thought to make a word
And it takes some words to make an action
And it takes some work to make it work
It takes some good to make it hurt
It takes some bad for satisfaction
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la la la life goes full circle
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la
It takes a night to make it dawn
And it takes a day to make you yawn brother
It takes some old to make you young
It takes some cold to know the sun
It takes the one to have the other
And it takes no time to fall in love
But it takes you years to know what love is
And it takes some fears to make you trust
It takes those tears to make it rust
It takes the dust to have it polished
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la la la life goes full circle
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la it is so...
It takes some silence to make sound
And It takes a loss before you found it
And It takes a road to go nowhere
It takes a toll to make you care
It takes a hole to make a mountain
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la la la life goes full circle
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la la la life is meaningful
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la la la

sábado, 28 de abril de 2012

Cheek to Cheek


Era uma manhã chuvosa, típica de um outono que se perpetuava nos curtos dias de abril. Dentro de um pequeno apartamento, encontrava-se um jovem pensador deitado sob os cobertores e aproveitando as poucas horas de folga que teria neste frio sábado.
De repente uma música invadiu seus ouvidos, uma melodia diferente daquelas as quais estava acostumado a ouvir nos últimos tempos. Procurou de onde vinha aquele som, até encontrar sua origem na tela de sua televisão. Tratava-se de um comercial qualquer, mas de muito bom gosto. Fechou seus olhos e pôs-se a ouvir "Heaven, I'm in heaven...". Um clássico.
Este rapaz adorava clássicos como este, que remontavam a cenas de filmes antigos (os quais também era muito fã). Conseguia se ver em um caro restaurante na antiga New York, New York de Frank Sinatra, jantando com uma linda jovem em um encontro à moda antiga. Engraçado como sua imaginação era fértil e rápida.
Mais rápida ainda, foi a lembrança que veio com esta outra melodia.
Manhãs, tardes, noites e madrugadas de anos anteriores nos quais sua única preocupação era sonhar e lutar por seus objetivos. Lá de volta em sua cidade do interior, localizada em um longínquo vale no meio dos campos de um nada. Quando ir caminhando 5km até sua escola era uma atividade prazerosa. Quando se tinha pouco, mas o que era preciso. Quando pensava estar ousando demais em querer ir longe.
Já naquele tempo imaginava-se em um lugar totalmente distante, queria conquistar o mundo, e sabia por onde começar, motivo este que o fez criar foco e se esforçar para chegar ao seu ápice.
Ah, como se sentia bem ao fantasiar sua trilha sonora ao som dos melhores clássicos do Mestre Sinatra. Seu corpo encontrava-se no meio do nada, mas sua mente voava pelos arranha-céus americanos, as montanhas de Alberta, as paisagens canadenses.
O tempo voou e sua ansiedade crescia proporcionalmente. Já nem esperava mais, quando em uma noite na qual estava com um de seus melhores amigos, resolveu abrir seu e-mail e viu o título de uma nova correspondência que lá encontrava-se. "Admission Letter" era o título. Paralisou. Tudo o que conseguia explicar para seu amigo que o questionava do motivo de estar com os olhos arregalados era "Cara... Cara..."
Era indescritível a sensação que passava por seu corpo ao ler "We are pleased to announce that you've been accepted...". De repente seus sonhos tornavam-se realidade. Uma euforia subiu da ponta de seus pés, passando pelas suas pernas, seu tronco, seus braços, até arrepiar o último fio de cabelo. Não conseguia se segurar. O garoto acordou meio mundo, às duas da manhã, para avisar. Ele havia sido aceito na universidade americana! Superação era o nome do que sentia naquele instante.
Não bastasse isso, o mesmo sentimento, a mesma alegria, a mesma euforia ao ler as mesmas palavras de outro e-mail algum tempo depois. Ele havia sido aceito na universidade canadense.
Agora conseguia entender todos aqueles filmes hollywoodianos. Conseguia se colocar no lugar deles, se sentia honrado da oportunidade. Saiu no jornal da região, seu peito enchia-se de orgulho.
Mas seu coração também pesava ao ouvir o apelo de sua avó: "Não vá, meu filho. Vou sentir muita falta de você. É muito longe". Claro, as viagens para casa teriam que ser reduzidas para no máximo duas vezes por ano. Talvez passaria anos sem ver sua família de novo. Coisas nas quais não havia pensado antes, devido ao  tamanho de sua conquista, mas que agora faziam toda a diferença.
Por fim, haviam assuntos a serem tratados. Havia passado em uma universidade na capital de seu estado, e prometeu conhecê-la. Ledo engano ao achar que não se deixaria levar. Ao conhecer a cidade, apaixonou-se. Seu futuro estava comprometido, muita coisa para a cabeça de um adolescente que ainda morava com seus pais. Mas a decisão havia sido tomada sozinha em seu peito.
De volta à tarde de outono, sob seus cobertores, em seu apartamento na capital de seu estado e sem jamais ter saído de seu país, lembrava daqueles momentos inspiradores de seu longínquo passado. Às vezes nem parecia ser ele, era como se visse outra pessoa em uma tela de cinema.
"Heaven, I'm in heaven..." cantarolava enquanto lembrava. Havia pouco tempo que tomara a decisão de conhecer o mundo. Estava com quatro viagens programadas. Aproximadamente cinco anos depois daqueles episódios havia decidido pensar fora da caixa novamente.
O que teria acontecido se ele tivesse ido para a América do Norte já naquela época? Quantas coisas teriam sido evitadas? Quantas teriam sido perdidas? Momentos, desafios, relacionamentos, pessoas... E se ele tivesse tomado rumos diferentes? E se... Isso jamais saberia.
Enquanto olhava pela internet as fotos dos locais onde poderia ter morado, e pensava sobre suas opções, só tinha uma coisa que ecoava fundo em sua mente. O mundo é muito grande para se prender a pequenos espaços e lugares. Pra se prender a passados, e frases que comecem com "E se...". A vida é muito curta para indecisões. Ainda bem que, finalmente, a fantasia estava prestes a se tornar realidade.

domingo, 15 de abril de 2012

Quando você já escreveu tudo o que tinha para escrever, mas suas inquietações continuam reverberando de uma maneira profunda em sua cabeça.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

The Beautiful Mess


 Quisera eu que decisões fossem fáceis de ser tomadas. Que eu não complicasse tanto as coisas. Que tudo fosse exatamente como quando éramos crianças: qualquer coisa é possível e tudo é simples.
Talvez isso possa acontecer, mas novamente eu falho na hora de tentar ser simples e complicar minhas decisões. Não sei.
O que acontece, é que me encontro em uma fase de decisões novamente. Há sempre essa bifurcação em frente, direita ou esquerda? Não há como voltar atrás, pois a cada passo que vamos dando em direção a uma ponte que representa nossa escolha, esta vai de desfazendo. Ficar parado também não é permissível.
Ao mesmo tempo em que nos vemos pressionados a tomar uma decisão, sofremos influências de todos os cantos. Sempre alguém com uma opinião, sempre uma crítica, sempre algo que nos faça repensar atitudes, pensar duas vezes antes de seguir este ou aquele caminho...
É como aquela boa e antiga música “What a beautiful mess”. Que linda bagunça é isso tudo. Tomamos estas decisões baseados em medidas de risco, prevendo o futuro que poderemos atingir, o que vamos ganhar, o que perderemos. A realidade é que jamais saberemos, até que realmente estejamos vivenciando os caminhos escolhidos.
E não é incrível de se pensar, que todos os caminhos que você tomou até agora, todas as decisões que fez te levaram para exatamente este momento, tornaram-se partes de seu caráter, de sua personalidade, te fizeram quem você é hoje?
Então a pergunta, talvez, não fosse aonde quero chegar. O correto poderia ser: Quem eu quero me tornar? Que tipo de pessoa serei amanhã? Sabendo que faço parte da sociedade em que vivo, como vou acabar influenciando o futuro dela?
Perceberam como complica-se algo simples?
Cada ser humano tem episódios decisivos em sua vida. Talvez você esteja tendo o seu, talvez ainda não teve nenhum, talvez o seu chegue amanhã, depois... Quem sabe?
Eu já tive vários, ou superestimei alguns. Acontece que aqui estou de novo nessa encruzilhada. Que caminho escolher? Que pessoa quero me tornar? Que bem eu poderei fazer? E repetindo estas perguntas é que eu vou enraizando e me prendendo em correntes imaginárias, estas que chamamos de “sistema”.
Não quero ficar atrelado a elas. Quero ser livre. Mas existe a liberdade? Eu só parei nesse ponto, antes de tomar a decisão, porque alguma coisa me fez repensar. Eu sei exatamente o que foi. Essa provocação da vida, esse céu azul que observo de dentro de quatro paredes, essa brisa balançando as árvores e fazendo-as emitir um som do qual não consigo ouvir, diferente do telefone que toca interminavelmente em minha mesa...
O que fazer?
Direita ou esquerda? Direita ou esquerda?
Tantas coisas pesando em uma, tão poucas pesando em outra, mas ao mesmo tempo dolorosa. Ir correndo ou contando os passos?
Em que grande bagunça vivemos. Por um momento vou tentar ser uma criança novamente. O jeito é vendar os olhos e seguir por um dos caminhos, sem olhar. Simples. Possível. O resultado, só o tempo...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ser feliz

             Não sei se alguém já parou para pensar no mundo em que vivemos e o modo como nossa sociedade foi construída, da maneira como eu venho pensando...
                Nos últimos anos o Brasil vem se vangloriando de conquistas econômicas fenomenais, de milhares de pessoas saindo da pobreza, da classe média comprando mais, a economia girando, pessoas tendo mais patrimônio e empresários vendendo e faturando mais.
                Pois bem, com esse crescimento econômico veio o aumento da qualidade de vida, do poder de compra, da felicidade (?). É o que dizem. Mas o que não dizem é que o mercado regula-se de uma maneira muito estranha. Sobem os salários, sobe o poder de compra, mas sobe mais ainda o custo de vida. Conhecem, não é?
                Lembra quando você pagava um real pelo kinder ovo? Quando um salgadinho era cinquenta centavos? É, o aumento dele foi causado pela famosa “inflação”, pelo reajuste dos preços, repasse ao consumidor.
Com a maior demanda, encontra-se uma desculpa para aumentarem os preços. É a tal da mão invisível de Smith, não é mesmo? O mercado se auto-regula. Então dou um prêmio pra quem me mostrar em que página o meu amigo Adam diz isso em seu livro. E eu já li, acreditem.
Muito se fala na alegria que é ser brasileiro ultimamente, em como superamos todas as barreiras econômicas, no que não conseguíamos comprar antes e agora conseguimos. O que se esquecem, é que a felicidade não pode ser medida pela quantidade de coisa que compramos, isso se chama status, e é o que mais degrada a sociedade. É ele que faz a pessoa que não tem condições de comprar algo ter vontade de roubá-lo. É o status que faz uma pessoa se sentir inferior a outra por não ter dinheiro suficiente para comprar isso ou aquilo, por não ter uma casa como a da outra, um carro como o do outro.
Reclamam dos Estados Unidos, por ser o símbolo do capitalismo. Pelo menos a distribuição de renda é mais justa lá. Mas ainda não justifica. Pagamos impostos, batendo recordes todos os anos, sendo que só uma parte dele é corretamente aplicada. Isso é dinheiro que sai do seu bolso, um dinheiro que você trabalhou para simplesmente dar para alguém, para ver o prefeito da sua cidade andando com um Mégane comprado com ele, pra ver o seu governador dirigindo uma Tucson comprada pelo estado. E aqueles que mal tem dinheiro para comprar um Fusca? E quem mal tem dinheiro para comprar comida para seus filhos?
Fala-se da euforia de se ter uma casa hoje em dia. Como é bom, não é? Mais brasileiros morando bem... UMA OVA! Compare o tamanho dos apartamentos construídos há 10 anos atrás, com os apartamentos construídos hoje. Há 5 anos uma amiga comprou um apartamento de mais de 130m² por cento e quarenta mil reais. Hoje um de 65m² no mesmo bairro passa dos quatrocentos mil.
Cade a melhoria? “Ah, mas hoje o brasileiro ganha mais! Está mais fácil adquirir um apartamento mais caro.”. Sim, com certeza. O cidadão sai do aluguel, feliz por comprar um apartamento próprio. Finalmente sua própria casa. Que ele vai pagar em 60 anos. Tem noção do que é isso? Sessenta anos para pagar por um cubículo? Você tem preconceito por aquelas casas de Cohabs? O que difere uma daquelas, que tem 40m² construídos e um terreno maior para se aproveitar a vida, do que um prédio com 8 apartamentos de 65m² em doze andares? O status, talvez?
Posso estar reclamando de barriga cheia. O local onde trabalho tem benefícios que poucas outras empresas oferecem. Mas mesmo assim. Dôo 8h do meu dia, 40h da minha semana, depois vou para a faculdade onde passo mais 4h diárias estudando para poder receber mais, ou ter a sorte da minha empresa dar certo e ganhar mais.  Já são 12 horas que gasto para “ter uma vida melhor”. Tudo bem. Adicione a isso 1h a mais para ir ao trabalho, 1h a mais para voltar do trabalho, 1h a mais que tenho de intervalo de almoço (o qual não posso sair de perto da empresa porque senão perco a hora), 30m de deslocamento da faculdade, 6h de sono (que é o máximo que consigo durante a semana) e mais o tempo que preciso pra me alimentar e me arrumar para ir à empresa. Onde está o objetivo disso tudo?
Onde entram as artes? O conhecimento a respeito do mundo? O tempo que posso utilizar para conhecer novas pessoas? Sair a noite? Tudo bem, desde que você aguente o tranco no dia seguinte e não prejudique seu trabalho...
Já gastei dinheiro com coisas caras, no impulso de um novo status social. É muito bom andar de roupa de marca, gastar dinheiro com bebidas, comer bem, conseguir pedir coisas pelo telefone quando quisermos. Mas realmente precisamos disso tudo?
O culpado disso tudo não é o nosso governo. Somos nós mesmos. As pessoas fazem um governo, elas escolhem quem vai trabalhar nele, elas são donas das empresas, elas se submetem a trabalhar nas condições impostas por estas mesmas, elas pagam os valores reajustados, elas concordam passivamente com tudo.
Tenho familiares que moram quase isolados do mundo, em uma casinha no interior, onde produzem alimentos para vender a grandes empresas, a serem processados e vendidos em seu supermercado. Estes meus familiares produzem o que comem. Jamais tive uma refeição mais farta e gostosa do que aquele domingo em que almocei na casa de uma tia minha. Eles trabalham bastante, um trabalho braçal, mas sabem o valor das coisas. Trabalham para si, e são MUITO mais felizes do que muita gente que eu conheço, até mais do que eu. Garanto que não sentem-se traídos todo quinto dia útil do mês quando olham um contracheque. Fome não passam, frio também não e terra não lhes falta.
Passamos por muitas transformações nos últimos anos: crescimento econômico, urbanização, aumento do poder de compra, pessoas saindo da miséria... Ser feliz, para mim, é não passar fome, é ter simplesmente a presença de meus amigos por perto, minha família. É poder desfrutar da beleza da Terra, do modo como Deus a criou: sem dono. Não estou sendo comunista, apenas um sonhador. Este é o meu ideal de felicidade, mas e você? O que você considera ser feliz, já pensou nisso? Felicidade é ter coisas que as pessoas fazem, ou valorizar as pessoas que os fazem?

sexta-feira, 30 de março de 2012

Certainty of an uncertain future

Today I was having a nice conversation with a friend from work. We were talking about miscellaneous stuff, till I came into the subject of realizing one of my craziest dreams.
Yesterday I finish reading the book “Cem dias entre céu e mar”, from Amyr Klink. That is the story of his first great adventure, when the author decided to cross the Atlantic in a bare small boat without engine. He planned a lot, was helped by many people and counted with some luck and mysterious “coincidences”.
He tells us on his book how it feels being alone in the middle of an ocean, much of what he thought, experienced and how he felt in love with nature. In fact, I watched an interview on YouTube, where Amyr said that the day he’ll be rich, will be the day he won’t need anything else.
That reminded me another book, called “Into the wild”. This one is more known for the movie made about it. But in the end, the essence is the same. A man, tired of a common life, who paid more attention to the natural beauties and the simplicity of an isolated life than all the expensiveness and “glamorous” style of our modern society.
All of this made me think a lot (actually, I got used that thinking is something I do exaggeratedly) and have waken up an old passion. Dreams of a far childhood, where everything wanted was to travel the world, play in the fields, climb some hills, explore forests, get to know people from different cultures and having a great adventure after all.
I guess is from the human nature this calling for just being far, being isolated, travel and experience the world. Or is it just for some people? I do not know.
My calling is getting louder and louder, and the more I go forward into this “adult life”, the more it starts to beat harder and harder inside my chest. Sometimes come as a small tickle, maybe only remembering that it exists and is there waiting for its moment. Other times the tickle evolutes to a huge anxiety, as if existence won’t be more possible if I continue the way things are now.
Waking up, eating, going to work, coming home, going to classes, to the gym, having some parties to distract me… Always the same. The last part is the worst, as if I was trying to delude myself from the alienation we’re imposed. The old “circus and bread” Roman policy.
I need to feel alive! To be in touch with my spirit, with nature, the world. I think we get stupid living the way we do. We criticize people, without knowing them, we judge everything as if we hold all the truth. We want fun, without working for it. We want things done immediately, patience is not a human characteristic anymore. There's no time for appreciating the beauty of a blue sky, the fly of a far bird, the wind blowing through the threes…
Have you ever seat in the top of a mountain and put yourself looking all the landscape? Have you already been on a field, far from everything, and heard just the wind moving the grass, feeling the sun warm you, the sound of a nearby river? Have you ever stop and looked to the gardens you pass by on your way home? You know we breath, but have you actually really breathed?
I feel the calling again. High and righteously. It’s a divine sensation, like no other. The fear consumes me. I’m afraid of what I’m capable of. But the same time fear drives me crazy, the certainty of an uncertain future delights me.

domingo, 18 de março de 2012

Lembranças surgem como um filme na minha cabeça. Aquele dia quente de verão e eu trabalhando quase sozinho na antiga sede da empresa. Aquela boa música fluindo pelos fones de ouvido... Em seguida o almoço no bom e velho Biezza, com aquela vista sensacional da baía norte, os barquinhos velejando tranquilos e eu captando a ironia de estar trabalhando.
Ah, mas como era bom. Naquela época eu achava que sabia como seria meu futuro, certo do que teria que fazer e dos rumos que minha vida estavam tomando. A vida só provou o contrário.
Então tudo mudou. A sede da empresa passou a ser 4km a frente, o novo restaurante sem vista para o mar, eu já não estava mais sozinho em casa, meus planos foram por água abaixo graças a burocracia brasileira e eu me senti perdido. Mas isso não era de minha natureza, jamais.
Mal sabia eu, que naquela época eu estava presenciando a maior das revoluções que já enfrentei. O sentimento de apreço que tenho hoje por Floripa, foi criado nestes dias. De repente me dei conta que gostava desses momentos, que gostava de ver o mar todos os dias em meu horário de almoço, das pessoas que me cercavam e principalmente do curso que eu estava me dispondo a fazer.
Foi então que uma ideia mudou tudo, bastou uma troca de mensagens e boom, ali estava eu de novo iniciando mais uma aventura nesse ano novo. A mais certa de todas as minhas ideias, que me levou a conhecer dezenas de pessoas, a descobrir um potencial que eu jamais imaginava ter. Essa emoção de empreender tomou conta de mim.
O ano passou e os momentos foram crescendo, meus cenários mudando, alguns amigos passando e outros chegando. Foram relacionamentos certos e alguns errados. Festas e situações que me vi ficar bem acostumado e uma adaptação incrível a Florianópolis.
Pois então veio 2012 e com ela a confirmação de um dos meus sonhos. Fiquei muito contente, e lá estava eu a imaginar meu futuro novamente, a traçar metas, objetivos e meios. A criar um tudo de um nada.
Junto com isso veio a primeira discussão, o primeiro estresse. Algo que me levou a refletir e a escrever isso hoje. Mas ao qual sou muito grato. Sim, pois me fez pensar em tudo o que sempre quis na vida: viver.
Nunca quis me prender a ideias fixas, a algumas regras pre-estabelecidas da sociedade. Gosto de fazer diferente, fazer o que gosto, ser verdadeiro e tocar pessoas. Empreender não precisa ser apenas de uma maneira.
Foi lembrando dos momentos que passei observando o mar e aqueles barquinhos ao longe, que me dei conta que sempre tive muitos sonhos, muitas vontades. Nossa vida é curta, mas é o suficiente para realizarmos tudo o que queremos.
Quem se prende a velhos ideais não evolui. Parece besteira, mas talvez é por isso que tenho tantos amigos de idades muito diferentes da minha: não gosto de me fixar a um grupo restrito, a compartilhar dos mesmos ideais para sempre, a me engessar.
Estamos aí para aprender, crescer, nos divertir, ajudar o próximo, sermos amigos. Julgar não está nessa lista, sempre acreditei que se deve conhecer uma pessoa antes de tirar suas conclusões sobre ela. Isso foi uma coisa que me dispus a fazer nestes últimos tempos. E como foi bom, o quanto aprendi.
Por fim, me pego imaginando: minha vida é marcada por lembranças de momentos como este dos almoços no Biezza. Gosto de associar fases a imagens. Qual será a próxima que terei em mente? Quem fará parte dela? O que mais me aguarda nesse futuro? Qual música vai me despertar essas lembranças que ainda estão por vir?
Não sei, mas fico aguardando ansiosamente para saber...