domingo, 30 de maio de 2010

À Beira-mar

Às vezes me pergunto: por que tem de ser assim? Mentiras, omissões, palavras sem sentido. Aprendemos várias lições conforme vamos levando nossas vidas, mas alguns persistem em seus erros.
Observo o mar e vejo a aparente calmaria que ilude aqueles que, como eu, se perdem em idéias, pensamentos e teorias, hipnotizados por seu suave movimento. Muitos o acham tão bonito e poucos percebem a ferocidade e todo o sofrimento que ele pode causar.
Ouvimos todos os dias sobre naufrágios, afogamentos, ataques de animais, correnteza... Mas ainda vamos à praia e nos deixamos encontrar com sua beleza postiça e seu barulho intenso. Talvez a vida seja assim também.
Se observarmos uma rua movimentada, em um dia de semana qualquer, veremos um monte de pessoas levando suas vidas, fazendo suas tarefas, e tudo isso numa aparente paz. Ignorância é uma dádiva, já diziam alguns sábios. Se tivéssemos a capacidade de abrir o leque da vida de cada um, e emergir seus sentimentos, experiências, seus problemas...
Eu mesmo, aos seus olhos, sou um mero escritor, que põe em letras alguns de seus sentimentos mais secretos. Mas serão mesmo os mais secretos? Você sabe o que passei até hoje? Quais são meus conflitos? Por que eu gosto dessa e daquela, mas não daquela outra? E você? Talvez eu nem te conheça! E você já experienciou tanto...
Da mesma forma que quem se afoga uma vez e volta a nadar no mesmo lugar, existem pessoas que cometem certos erros e neles repetem pelo resto de suas vidas. Não bastou sofrer uma vez só, é preciso mais, uma constante dos seres humanos que é a insatisfação.
Talvez quem esteja errado sou eu, ao julgar isso. Talvez essa pessoa seja mais corajosa do que eu possa conceber, tentando tirar de erros passados os acertos futuros. Ou talvez não. Tudo que eu sei é que empatia é uma palavra tão simples de ser pronunciada, mas uma atitude tão árdua de ser praticada.
Quanto mais penso, mais tenho certeza de que nada sei (e que o cão, realmente, é a melhor cia.). Acho que chegou a minha hora de pular no mar, e ajudar algumas pessoas a continuarem nele, sem se afogar.

|escrito em 29/05/2010, à beira-mar|

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