Talvez isso possa acontecer, mas novamente eu falho na hora
de tentar ser simples e complicar minhas decisões. Não sei.
O que acontece, é que me encontro em uma fase de decisões
novamente. Há sempre essa bifurcação em frente, direita ou esquerda? Não há
como voltar atrás, pois a cada passo que vamos dando em direção a uma ponte que
representa nossa escolha, esta vai de desfazendo. Ficar parado também não é
permissível.
Ao mesmo tempo em que nos vemos pressionados a tomar uma
decisão, sofremos influências de todos os cantos. Sempre alguém com uma
opinião, sempre uma crítica, sempre algo que nos faça repensar atitudes, pensar
duas vezes antes de seguir este ou aquele caminho...
É como aquela boa e antiga música “What a beautiful mess”.
Que linda bagunça é isso tudo. Tomamos estas decisões baseados em medidas de
risco, prevendo o futuro que poderemos atingir, o que vamos ganhar, o que
perderemos. A realidade é que jamais saberemos, até que realmente estejamos
vivenciando os caminhos escolhidos.
E não é incrível de se pensar, que todos os caminhos que
você tomou até agora, todas as decisões que fez te levaram para exatamente este
momento, tornaram-se partes de seu caráter, de sua personalidade, te fizeram
quem você é hoje?
Então a pergunta, talvez, não fosse aonde quero chegar. O
correto poderia ser: Quem eu quero me tornar? Que tipo de pessoa serei amanhã?
Sabendo que faço parte da sociedade em que vivo, como vou acabar influenciando
o futuro dela?
Perceberam como complica-se algo simples?
Cada ser humano tem episódios decisivos em sua vida. Talvez
você esteja tendo o seu, talvez ainda não teve nenhum, talvez o seu chegue
amanhã, depois... Quem sabe?
Eu já tive vários, ou superestimei alguns. Acontece que
aqui estou de novo nessa encruzilhada. Que caminho escolher? Que pessoa quero
me tornar? Que bem eu poderei fazer? E repetindo estas perguntas é que eu vou
enraizando e me prendendo em correntes imaginárias, estas que chamamos de
“sistema”.
Não quero ficar atrelado a elas. Quero ser livre. Mas
existe a liberdade? Eu só parei nesse ponto, antes de tomar a decisão, porque
alguma coisa me fez repensar. Eu sei exatamente o que foi. Essa provocação da
vida, esse céu azul que observo de dentro de quatro paredes, essa brisa
balançando as árvores e fazendo-as emitir um som do qual não consigo ouvir,
diferente do telefone que toca interminavelmente em minha mesa...
O que fazer?
Direita ou esquerda? Direita ou esquerda?
Tantas coisas pesando em uma, tão poucas pesando em outra,
mas ao mesmo tempo dolorosa. Ir correndo ou contando os passos?
Em que grande bagunça vivemos. Por um momento vou tentar
ser uma criança novamente. O jeito é vendar os olhos e seguir por um dos
caminhos, sem olhar. Simples. Possível. O resultado, só o tempo...
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